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ELIANE CANTANHÊDE
Enquanto a TV não vem
BRASÍLIA - Serra fez uma aposta
arriscada ao empurrar até o último
minuto o lançamento de sua candidatura à Presidência, para desespero e/ou irritação de tucanos, demos
e do pessoal do PPS. Mas, aparentemente, sua estratégia estava correta. Foi na hora certa.
Depois do susto da oposição em
fevereiro, quando Dilma encostou
em Serra, com apenas quatro pontos de diferença, a sensação entre os
serristas é a de que o pior já passou.
Ao menos nesta fase da campanha.
Com tempestades, alagamentos e
mortes em São Paulo e a consequente perda de pontos de Serra,
Planalto, PT e Dilma imaginavam
-na mesma proporção que PSDB e
Serra temiam- um cruzamento
nas curvas das pesquisas, com a petista avançando para a dianteira e o
tucano escorregando para o segundo lugar em março ou abril.
Já imaginou o clima de enterro
na festa de Serra se ele tivesse caído
do patamar de 30% e ficado atrás da
adversária? Mas isso não se concretizou, e o novo Datafolha de certa
forma cristaliza a posição dos dois
favoritos, que disputam pau a pau.
Mudanças, se houver, só depois da
Copa e com o início da TV.
O pessoal da Dilma não deve estar dando pulos de alegria, mas a situação deve estar feia mesmo é numa outra seara: na de Ciro Gomes,
que vai sendo sugado para a vaga de
lanterninha, enquanto Marina Silva vai caminhando muito devagar,
mas devagar e sempre.
Não erra, distingue-se dos opositores com elegância, provoca na hora certa. Deixa um rastro de possibilidades: no final, quem não engole
Serra ou Dilma, mas não chegar a se
encantar com o adversário direto
de um ou da outra, sempre terá essa
saída, digamos, honrosa.
Desde o início, parece claro que
Marina não é para ganhar, mas para
ocupar um vácuo, fazer bonito. E o
que está cada vez mais evidente é
que Ciro não tem vez: nem no governo, nem na oposição, nem no
próprio partido. Quis ser tudo, corre o risco de não ser nada.
elianec@uol.com.br
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