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OMISSÃO FATAL
Demorou, mas finalmente
aconteceu: o clima de união
nacional que havia nos EUA em torno do presidente George W. Bush
após o 11 de setembro começa a ruir.
O fator que provocou a mudança
foi a divulgação, pela rede de TV
CBS, de que o presidente foi informado pela CIA, em 6 de agosto, de
que Osama bin Laden planejava sequestrar aviões comerciais nos EUA.
A Casa Branca confirmou que Bush
teve acesso à informação, mas afirma que não se tratava de um alerta
específico. Diz que não havia indícios de que os aviões seriam usados
como armas nem indicações de "data, local ou método de ataque".
Políticos, imprensa e população
agora se perguntam, com razão, se o
governo poderia ter agido melhor do
que atuou. Se deveria, por exemplo,
ter alertado as companhias aéreas e
até o público de que havia uma
ameaça à segurança dos vôos.
A sensação de que houve falhas é
reforçada por um outro memorando, este de um agente do FBI do Arizona, elaborado em julho, que levantava suspeitas sobre o grande número de árabes que frequentavam escolas de aviação nos EUA.
Bush enfrenta sua primeira grande
crise interna desde o 11 de setembro.
Alguns analistas já traçam paralelos
com os casos Watergate, que derrubou Richard Nixon da Presidência
em 1974, e Monica Lewinsky, que
quase custou o cargo a Bill Clinton.
As críticas a Bush não se devem
tanto ao fato de ele não ter conseguido evitar os ataques, mas principalmente por ele não ter revelado a existência dos memorandos mesmo depois dos atentados. Segundo alguns,
quis até escondê-los.
O presidente tem razão ao afirmar
que as acusações têm caráter eleitoral. Em novembro, parte do Congresso será renovada, e os democratas, que ambicionam retomar o controle da Câmara, precisam pôr um
fim ao clima de unanimidade que vinha dominando a cena política desde o 11 de setembro. Na verdade, é até
surpreendente que políticos de oposição e jornalistas tenham levado oito meses para recobrar-se dos ataques e começar a questionar atos da
administração Bush.
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