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RUMO A MAIS TOLERÂNCIA
Poucas décadas atrás, seria
inconcebível até imaginar o presidente da República emprestando
formalmente seu apoio a um projeto
de lei que institui a união civil entre
homossexuais. Fernando Henrique
Cardoso teve a coragem de fazê-lo.
Se duas pessoas do mesmo sexo
desejam viver juntas, é um assunto
que diz respeito apenas a elas, desde
que, é claro, ambas as partes concordem com a relação.
Discriminar alguém por sua orientação sexual -assim como por sua
religião, convicções políticas ou cor
da pele- é atitude que contraria direitos básicos da cidadania.
Não é razoável esperar que a sociedade como um todo, da noite para o
dia, passe a aceitar o homossexualismo ou outros comportamentos tidos
como heterodoxos. Nesse campo, o
Brasil, apesar de ser um país tolerante, ainda tem a avançar.
Infelizmente, homossexuais ainda
são frequentemente vítimas do desprezo e até de agressões físicas. Vale
lembrar o caso do adestrador de cães
Edson Neris da Silva, que, em fevereiro de 2000, foi brutalmente assassinado por skinheads em São Paulo
apenas porque andava de mãos dadas com outro homem.
É importante que o Estado não discrimine. Nesse sentido, seria interessante a aprovação pelo Congresso do
projeto de união civil, que foi proposto pela prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), quando ocupava uma
cadeira na Câmara dos Deputados.
Pelo texto, homossexuais poderiam
celebrar contratos civis que estabeleçam direitos e deveres análogos aos
de casais heterossexuais. O poder
público deixaria de discriminar homossexuais, como faz hoje ao negar-lhes direitos previdenciários e de sucessão, entre outros.
Essas podem até parecer questões
menores, mas é importante que o
Estado dê o exemplo de tolerância.
Na democracia, tão fundamental
quanto a expressão da vontade da
maioria é a devida proteção às minorias, sem o que simplesmente não há
Estado de Direito.
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