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FERNANDO RODRIGUES
Um conjunto vazio
BRASÍLIA - Cumpriu-se a profecia do deputado Delfim Netto (PPB-SP) a
respeito do candidato a vice-presidente de José Serra.
Delfim dizia que o tucano desejava
um político do PMDB do Nordeste,
com alguma densidade eleitoral e
que não tivesse problemas. "É um
conjunto vazio, uma impossibilidade
prática." Ontem, caiu o mais cotado
para ser o vice de Serra, o deputado
federal Henrique Alves (PMDB-RN).
Uma reportagem da revista "IstoÉ"
deste fim de semana traz informações sobre possíveis irregularidades
que envolvem Henrique Alves. A cúpula do PMDB jogou-o ao mar.
O que deveria ser uma solução, para somar esforços, está sendo um
martírio para Serra. Pode-se argumentar que foi melhor a acusação
contra Henrique Alves aparecer agora do que no meio da campanha. Tudo bem. Mas também é verdade que
o ideal era não aparecerem acusações nunca. Esse é o ponto.
A candidatura de José Serra tem
passado as últimas semanas entre o
ruim e o pior. Foi ruim cair para 17%
na pesquisa Datafolha. Mas poderia
ter sido pior se Garotinho ou Ciro Gomes tivessem passado o tucano numericamente. E por aí vai.
A opção agora comentada dentro
do PMDB para ser o vice de Serra é a
deputada federal Rita Camata, do
Espírito Santo. Tem gente na cúpula
do PT dando saltos de alegria.
Os petistas acumulam fotos e entrevistas de Rita Camata atacando a
administração de FHC. Será um tormento para a campanha presidencial
do PSDB, cujo mote principal é colar
Serra no governo federal.
Logo o tucano, que aponta incoerência nos petistas, terá ao seu lado
uma vice que passou os últimos anos
atacando o governo FHC.
Talvez a frase de Delfim Netto precisasse ser ampliada. Não são apenas
os políticos do PMDB do Nordeste
que não preenchem os requisitos desejados por Serra. No conjunto vazio,
pode estar a imensa maioria dos peemedebistas, do Brasil inteiro.
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