São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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TERROR SEM FIM

O assassinato do presidente do Conselho de Governo Iraquiano, Izzedin Salim, a apenas seis semanas da data prevista para a transferência da soberania aos iraquianos, mostra o quão precária é a segurança no país. O impacto é principalmente simbólico, pois o cargo de Salim não reunia muitos poderes. Quem manda de fato são as autoridades norte-americanas, e a Presidência do Conselho é rotativa. Além disso, uma soberania algo limitada deverá ser transmitida não a este Conselho, mas a um outro organismo a ser apontado pela ONU.
Apesar disso tudo, foi morto num atentado suicida o que de mais perto havia de um presidente do Iraque. Salim não é o primeiro membro da administração iraquiana interina a ser assassinado. Em setembro, foi morta Aqila al Hashemi, uma das três mulheres que os EUA indicaram para o Conselho.
Para agravar o quadro, prosseguem combates em várias frentes. Na sexta, tanques americanos entraram em lugares sagrados da cidade de Najaf, onde enfrentam seguidores do clérigo xiita radical Moqtada al Sadr. Em Nassiriah, militantes xiitas forçaram tropas italianas a retirar-se para sua base nas cercanias da cidade. Diante de tantas adversidades, EUA e Reino Unido já se preparam para enviar reforços. Tropas norte-americanas estacionadas na Coréia do Sul deverão ser transferidas para o Iraque.
O envio de mais homens não seria exatamente um problema para o presidente George W. Bush e o premiê Tony Blair em situações normais. Mas, desde que veio a público a questão das torturas infligidas a iraquianos, vem crescendo a pressão para que Washington e Londres pelo menos apresentem um plano de retirada de suas forças militares. Bush e Blair aparecem agora nas pesquisas de opinião com os piores índices de popularidade de suas gestões.
Só que esse plano de retirada não existe, pois abandonar o Iraque agora equivaleria a lançá-lo numa guerra civil de conseqüências imprevisíveis.


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