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CLÓVIS ROSSI
O Brasil e Juan Valdez
BRUXELAS - Você conhece Juan Valdez, ainda que nunca o tenha visto
ao vivo e em cores. É a efígie, supostamente do colombiano típico, que faz
a promoção do "Café de Colombia",
mais visível que o Guga em todas as
partidas do torneio de tênis de Roland Garros, entre tantos outros
eventos.
Bom, agora o tal de Juan Valdez foi
à luta para enfrentar ninguém menos que a rede de lojas de café Starbucks, mais uma das invenções norte-americanas que rapidamente conquistaram o mundo.
A rede colombiana, criação da Federação de Cafeicultores, está abrindo loja até em Seattle, onde a Starbucks nasceu, segundo o jornal espanhol "El País".
E daí? E daí que o Brasil é o maior
produtor de café do mundo e não tem
Juan Valdez nem nada que se pareça
nem está competindo com ele ou com
a Starbucks.
Para quem aprendeu, como eu e todos os brasileiros de minha geração,
que, no exterior, o Brasil era só café e
Pelé, foi um choque verificar uma vez
em Seattle que a Starbucks trabalhava com cafés de um punhado de países, mas não do Brasil.
Mas em Tóquio, bem em frente ao
Palácio Imperial, há, sim, uma Starbucks que usa café "Copacabana",
brasileiro, e nem por isso foi à falência. Agora, Juan Valdez pretende instalar-se também em Tóquio.
Já vende o café liofilizado e, com a
loja, dá um passo adiante.
Será que empobrecemos tanto que
não conseguimos agregar valor nem
naquilo que produzimos com tamanha abundância? Não há no Brasil
algum empreendedor capaz de inventar nosso próprio Juan Valdez e
sair pelo mundo vendendo-o?
Se houver um, que me desculpe desde já, mas nunca vi uma loja de café
brasileiro no exterior. Se não houver,
não adiante culpar o governo, o Lula,
o Fernando Henrique, o neoliberalismo, o raio que nos parta. É subdesenvolvimento genético mesmo.
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