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FERNANDO RODRIGUES
Bruxarias na macropolítica
BRASÍLIA - A tese do terceiro
mandato consecutivo para Lula
surgiu há pouco mais de dois anos,
depois da reeleição do petista. Caiu
em desuso com a opção doméstica
da candidatura presidencial de
Dilma Rousseff, patrocinada pelo
atual ocupante do Planalto.
Como se diz em Brasília entre os
petistas, Dilma é um nome bom
para ganhar (Lula continuaria a
mandar) e para perder (Lula voltaria em 2014). Lorota. Todos querem
mesmo é vencer. Daí o quase pâ-
nico por causa do tratamento de
câncer no sistema linfático anunciado pela ministra. Tudo voltou
ao terreno das incertezas.
No PSDB, a "aliança dos sonhos"
dos tucanos -uma chapa Serra-
Aécio- passou a ser uma possibilidade real. Já sobre o futuro de
Dilma, ninguém que é alguém no
governo ousa falar em público.
Por enquanto, os únicos vocalizando abertamente um terceiro
mandato para Lula são deputados
do chamado baixo clero, de pouca
expressão. Mesmo com peso político limitado, esse grupo cumpre um
papel relevante. Mantém o assunto
em fogo brando, em pauta, até o
momento em que seja de fato necessário tomar uma decisão.
Trata-se de engenharia difícil.
Falta tempo e sobra complexidade.
Tudo teria de ser concluído até setembro, um ano antes da eleição
de 2010 -o prazo legal para a bruxaria se tornar realidade. O passo
inicial é talvez o maior obstáculo.
Admitir um plano B em público o
transforma imediatamente em plano A. De tabela, o establishment petista teria de explicitar em público
suas dúvidas a respeito da plena
recuperação de Dilma Rousseff.
Dado o número de variáveis envolvidas, é temerário prever a viabilidade dessa "operação terceiro
mandato". Mas a insistência com
que o tema vem sendo mencionado
é um sinal de que acreditar em bruxas, no momento, não soa como algo tão disparatado em Brasília.
frodriguesbsb@uol.com.br
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