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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

FHC conta sua história

BRASÍLIA - O PSDB divulgou no seu site na internet um texto de FHC em formato de entrevista. O tucano usa 6.269 palavras. Critica duramente o governo de Lula -a quem cita quatro vezes nominalmente. José Serra não é mencionado de forma direta nem uma vez. Freud explica.
A "entrevista" começa com o PSDB. Mas o ex-presidente fala mais do PT (30 vezes) do que da sigla tucana (28 vezes). Há de tudo na longa fala. É divertido o esforço para reescrever parte da história. Ou as críticas a ações de Lula, quase idênticas às do tucanato. Três exemplos:
1) o terror na eleição - "Nunca levamos a campanha para a idéia do "ou nós ou o caos'", diz FHC. Errado. Num jingle de Serra, ouvia-se que o Brasil se transformaria numa Argentina. A atriz Regina Duarte apareceu espavorida na TV para dizer, como num filme de Hitchcock, que estava com medo. A campanha tucana apoiou-se em grande parte no suposto desarranjo que o PT causaria;
2) troca-troca partidário - FHC afirma que "as pessoas são votadas para a oposição e vão para o governo. Isso não é possível. Está errado".
Ocorre que o PSDB elegeu 63 deputados federais em 1994. Em outubro de 1997, a bancada tucana chegou a 100 deputados. Um aumento de 58,7% com a cooptação de 37 congressistas na bacia das almas no processo de compra de votos para aprovar a emenda da reeleição;
3) juros - "Será que é preciso manter por tanto tempo as taxas de juros tão altas?", pergunta FHC. Poderia também indagar se foi necessário, em janeiro de 1999, aumentar a taxa básica de 25% para 45%.
Num trecho, FHC fala sobre loteamento de cargos: "Acho que houve um retrocesso, porque está havendo uma penetração na máquina pública muito maior do que no meu tempo". Pode ser. Parece um alerta de quem sabe o que diz. O tucano sofreu com a nomeação do tesoureiro de campanha Ricardo Sérgio Oliveira para uma diretoria do Banco do Brasil.


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