|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
FHC conta sua história
BRASÍLIA - O PSDB divulgou no seu site na internet um texto de FHC em
formato de entrevista. O tucano usa
6.269 palavras. Critica duramente o
governo de Lula -a quem cita quatro vezes nominalmente. José Serra
não é mencionado de forma direta
nem uma vez. Freud explica.
A "entrevista" começa com o PSDB.
Mas o ex-presidente fala mais do PT
(30 vezes) do que da sigla tucana (28
vezes). Há de tudo na longa fala. É
divertido o esforço para reescrever
parte da história. Ou as críticas a
ações de Lula, quase idênticas às do
tucanato. Três exemplos:
1) o terror na eleição - "Nunca levamos a campanha para a idéia do "ou
nós ou o caos'", diz FHC. Errado.
Num jingle de Serra, ouvia-se que o
Brasil se transformaria numa Argentina. A atriz Regina Duarte apareceu
espavorida na TV para dizer, como
num filme de Hitchcock, que estava
com medo. A campanha tucana
apoiou-se em grande parte no suposto desarranjo que o PT causaria;
2) troca-troca partidário - FHC
afirma que "as pessoas são votadas
para a oposição e vão para o governo.
Isso não é possível. Está errado".
Ocorre que o PSDB elegeu 63 deputados federais em 1994. Em outubro
de 1997, a bancada tucana chegou a
100 deputados. Um aumento de
58,7% com a cooptação de 37 congressistas na bacia das almas no processo de compra de votos para aprovar a emenda da reeleição;
3) juros - "Será que é preciso manter por tanto tempo as taxas de juros
tão altas?", pergunta FHC. Poderia
também indagar se foi necessário, em
janeiro de 1999, aumentar a taxa básica de 25% para 45%.
Num trecho, FHC fala sobre loteamento de cargos: "Acho que houve
um retrocesso, porque está havendo
uma penetração na máquina pública
muito maior do que no meu tempo".
Pode ser. Parece um alerta de quem
sabe o que diz. O tucano sofreu com a
nomeação do tesoureiro de campanha Ricardo Sérgio Oliveira para
uma diretoria do Banco do Brasil.
Texto Anterior: Assunção - Clóvis Rossi: Sobre vontade política Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: As regras do jogo Índice
|