São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A crise da ONU e o "uso da força"
CARLOS DE MEIRA MATTOS
Os Estados Unidos e a Inglaterra decidiram ultrapassar o tratado na Carta, da qual são principais signatários, e partir para uma ação militar contra o Iraque, ignorando o compromisso com a ONU, que, como organismo responsável pela manutenção da paz e da segurança, ficou gravemente comprometida. Argumentando sobre a razão de os compromissos sobre segurança coletiva serem violados sempre que são colocados diante de crises graves que induzem o emprego militar por decisão multilateral, o articulista da "Foreign Affairs" observa que, "quando um país se sente diante de uma forte ameaça à sua defesa, não se conforma em entregar o seu direito de se defender a decisões alheias, de outros países ou de instituições internacionais". À decisão militar de defesa importam condições de tempo e espaço que a morosidade das decisões coletivas não satisfaz. Alegando estarem convencidos de que a defesa de seus países estava sob a ameaça iminente de ataques de destruição em massa pelo terrorismo internacional, apoiado particularmente pelo governo de Bagdá, os governos de Washington e Londres partiram para a guerra preventiva -atacar antes de serem atacados. Vários comentaristas internacionais não acreditam que essa guerra preventiva, ultrapassando o órgão de segurança coletiva, tenha sido motivada apenas por razões de defesa, agregando ambições econômicas visando o controle de região rica em petróleo. Entretanto, aceite-se ou não a autenticidade da tese de defesa no caso particular do Iraque, tem sido essa tese, indubitavelmente, o motivo das maiores crises de sobrevivência por que passaram e passam os organismos responsáveis pela paz e pela segurança internacionais. Carlos de Meira Mattos, 89, doutor em ciência política, general reformado do Exército, é veterano da Segunda Guerra Mundial e conselheiro da Escola Superior de Guerra. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Rubens Barbosa: Brasil e EUA, uma parceria construtiva Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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