São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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JOGO DE INTRIGAS

As manobras do ministro José Dirceu (Casa Civil) para retirar Aldo Rebelo da pasta da Articulação Política podem trazer sérios prejuízos ao governo federal. Caso evidente de intriga palaciana, a rixa entre os dois inclui até acusações de espionagem no Planalto.
Essa situação decorre da decisão tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de passar a coordenação política do governo -inicialmente atribuída a Dirceu- para Rebelo. O remanejamento de funções, em meio ao caso Waldomiro Diniz, acabou por retirar mais poder do que o previsto de Dirceu, que se enfraqueceu com o escândalo. Com isso, Rebelo, do PC do B, encontrou espaço para avançar. E o fez.
A situação tem desagradado tanto ao chefe da Casa Civil quanto a uma expressiva parcela do PT. O resultado é que agora Lula sofre pressões dos companheiros de partido para remanejar Rebelo para outra pasta e devolver a Dirceu as atribuições originais.
O caso é mais um lance de um jogo de poder que vai se transformando em perigosa rotina. Há pouco, o mesmo Dirceu havia realimentado suas diferenças com a política econômica de Antonio Palocci (Fazenda), que, por sua vez, é alvo dileto do vice-presidente da República, José Alencar (PL-MG).
É verdade que não há governo sem disputas internas e que todo chefe de Estado tem de saber lidar com fatos como esses. No entanto, quando eles passam a ocorrer com freqüência excessiva acabam por obstruir o andamento da administração.
É deplorável -e enfastiante- assistir a essa competição por cargos e postos, quando temas de interesse nacional estão se arrastando nos gabinetes ministeriais e no Congresso. A sociedade espera que o presidente imponha sua autoridade e dirima os conflitos. É imprescindível que a equipe governamental se dedique com mais empenho e menos intrigas a equacionar os problemas do país.


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