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JOGO DE INTRIGAS
As manobras do ministro José
Dirceu (Casa Civil) para retirar
Aldo Rebelo da pasta da Articulação
Política podem trazer sérios prejuízos ao governo federal. Caso evidente de intriga palaciana, a rixa entre os
dois inclui até acusações de espionagem no Planalto.
Essa situação decorre da decisão
tomada pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva de passar a coordenação
política do governo -inicialmente
atribuída a Dirceu- para Rebelo. O
remanejamento de funções, em
meio ao caso Waldomiro Diniz, acabou por retirar mais poder do que o
previsto de Dirceu, que se enfraqueceu com o escândalo. Com isso, Rebelo, do PC do B, encontrou espaço
para avançar. E o fez.
A situação tem desagradado tanto
ao chefe da Casa Civil quanto a uma
expressiva parcela do PT. O resultado
é que agora Lula sofre pressões dos
companheiros de partido para remanejar Rebelo para outra pasta e devolver a Dirceu as atribuições originais.
O caso é mais um lance de um jogo
de poder que vai se transformando
em perigosa rotina. Há pouco, o
mesmo Dirceu havia realimentado
suas diferenças com a política econômica de Antonio Palocci (Fazenda), que, por sua vez, é alvo dileto do
vice-presidente da República, José
Alencar (PL-MG).
É verdade que não há governo sem
disputas internas e que todo chefe de
Estado tem de saber lidar com fatos
como esses. No entanto, quando eles
passam a ocorrer com freqüência excessiva acabam por obstruir o andamento da administração.
É deplorável -e enfastiante- assistir a essa competição por cargos e
postos, quando temas de interesse
nacional estão se arrastando nos gabinetes ministeriais e no Congresso.
A sociedade espera que o presidente
imponha sua autoridade e dirima os
conflitos. É imprescindível que a
equipe governamental se dedique
com mais empenho e menos intrigas
a equacionar os problemas do país.
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