São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NADA A COMEMORAR

Saíram os resultados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2003. O governo federal bem que tenta comemorar como uma vitória a inversão da tendência de queda que se vinha registrando desde 1995 na capacidade de leitura de alunos da 4ª série do ensino fundamental. É claro que é positivo o fato de o nível ter parado de cair. Mas, infelizmente, não há motivos para celebrar nada.
Em termos objetivos, a situação permanece calamitosa. A nota média dos alunos da 4ª série na prova de português passou de de 165,1 (em 500 possíveis) no teste de 2001 para 169,4 no do ano passado. Isso significa, nas palavras do próprio Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), o órgão responsável pela avaliação, que, na média, as crianças foram capazes de achar informações explícitas em textos mais longos e em anúncios de classificados. Ou seja, não conseguem ir além da superfície -o que é uma outra forma de dizer que sua capacidade de leitura é precária.
Nas demais provas, os resultados não apresentaram variações significativas em relação aos do exame de 2001. O Saeb é constituído de testes de português e de matemática que são aplicados a cada dois anos a alunos da 4ª e da 8ª série do ensino fundamental e da 3ª série do médio escolhidos por amostragem. A partir de 2004, o governo pretende tornar as provas anuais e ministrá-las a todos os alunos da rede básica.
Sistemas de avaliação como o Saeb são ferramentas importantes para diagnosticar os problemas da educação e encontrar as fórmulas para tentar solucioná-los. É preciso, porém, tomar cuidado para não transformar a avaliação num fim em si mesmo.
Quaisquer resultados que fiquem aquém de tornar a grande maioria dos alunos apta a ler e interpretar textos corretamente e a dominar os conceitos mais básicos da matemática é insuficiente para o país.


Texto Anterior: Editoriais: JOGO DE INTRIGAS
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Ainda há esperança
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.