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MELCHIADES FILHO
Que droga
BRASÍLIA - Pesquisa divulgada na
semana passada ajuda a entender
por que Dilma Rousseff passou a
tratar do crack em quase toda entrevista e por que José Serra acusou
duramente o governo da Bolívia de
leniência com o narcotráfico.
O Ibope perguntou a 2.002 eleitores quais os principais problemas
do Brasil. Segurança pública e drogas ficaram em 2º e 3º lugares -à
frente de questões como miséria,
corrupção, habitação e transporte.
Instados a declarar o que deve
merecer "especial atenção" do próximo presidente, os entrevistados
confirmaram o diagnóstico: puseram a segurança pública como a 2ª
prioridade e as drogas como a 4ª.
Os dois assuntos atraem mais
atenção do que na eleição passada.
Em 2006, a segurança ocupava o 3º
lugar no ranking; as drogas, o 5º.
Essa preocupação crescente com
a violência arranha até a portentosa avaliação de Lula: é a área em
que ele tirou a pior nota (2,1, de um
máximo de 5). Dos entrevistados,
38% disseram-se totalmente insatisfeitos com a atuação federal na
questão da segurança -contra 7%
de totalmente insatisfeitos com a
gestão da economia, por exemplo.
Ninguém sabe ao certo o que influencia o voto. Os marqueteiros,
porém, acham importante descobrir e explorar o que aflige o eleitor.
O Ibope, portanto, apenas tornou
público o que as pesquisas do PT e
do PSDB já haviam detectado.
Daí a decisão de Dilma de lançar
um alerta sobre a disseminação do
crack e fazer uma dobradinha indiscreta com o Planalto, que na sequência anunciou uma campanha
nacional de combate à droga.
O súbito ataque de Serra à porosidade da fronteira boliviana foi o
modo encontrado para evitar que a
adversária tomasse conta dessa
agenda. Não tinha como alvo a diplomacia lulista ou o Mercosul, como alguns interpretaram de saída.
O que falta esclarecer é a desatenção dos candidatos até aqui ao
tema que mais desperta interesse e
indignação no brasileiro: a saúde.
melchiades.filho@grupofolha.com.br
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