São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2010

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MELCHIADES FILHO

Que droga

BRASÍLIA - Pesquisa divulgada na semana passada ajuda a entender por que Dilma Rousseff passou a tratar do crack em quase toda entrevista e por que José Serra acusou duramente o governo da Bolívia de leniência com o narcotráfico.
O Ibope perguntou a 2.002 eleitores quais os principais problemas do Brasil. Segurança pública e drogas ficaram em 2º e 3º lugares -à frente de questões como miséria, corrupção, habitação e transporte.
Instados a declarar o que deve merecer "especial atenção" do próximo presidente, os entrevistados confirmaram o diagnóstico: puseram a segurança pública como a 2ª prioridade e as drogas como a 4ª.
Os dois assuntos atraem mais atenção do que na eleição passada. Em 2006, a segurança ocupava o 3º lugar no ranking; as drogas, o 5º.
Essa preocupação crescente com a violência arranha até a portentosa avaliação de Lula: é a área em que ele tirou a pior nota (2,1, de um máximo de 5). Dos entrevistados, 38% disseram-se totalmente insatisfeitos com a atuação federal na questão da segurança -contra 7% de totalmente insatisfeitos com a gestão da economia, por exemplo.
Ninguém sabe ao certo o que influencia o voto. Os marqueteiros, porém, acham importante descobrir e explorar o que aflige o eleitor. O Ibope, portanto, apenas tornou público o que as pesquisas do PT e do PSDB já haviam detectado.
Daí a decisão de Dilma de lançar um alerta sobre a disseminação do crack e fazer uma dobradinha indiscreta com o Planalto, que na sequência anunciou uma campanha nacional de combate à droga.
O súbito ataque de Serra à porosidade da fronteira boliviana foi o modo encontrado para evitar que a adversária tomasse conta dessa agenda. Não tinha como alvo a diplomacia lulista ou o Mercosul, como alguns interpretaram de saída.
O que falta esclarecer é a desatenção dos candidatos até aqui ao tema que mais desperta interesse e indignação no brasileiro: a saúde.

melchiades.filho@grupofolha.com.br


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