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MAUS SINAIS
O ministro das Comunicações, Miro Teixeira, parece inclinado a fazer de sua área de atuação
um centro de instabilidade no atual
governo. Depois de manifestar, no
início da gestão, contrariedade com
os poderes da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), o ministro passou a empenhar-se numa escalada de conflitos com o órgão regulador que vai, a cada dia, ultrapassando os limites do razoável.
Tinha razão Miro Teixeira ao tentar
negociar uma flexibilização dos reajustes das tarifas telefônicas, que são
baseados no IGP-DI, índice que reflete mais de perto a cotação do dólar, mas que se descolou do IPCA,
que mede a inflação do consumidor.
Uma vez, porém, frustrado o acordo,
o ministro Teixeira, inconformado
com o fato de a Anatel ter optado por
exercer suas atribuições, passou a
mover campanha pública contra a
agência. Tem incentivado consumidores a mover ações contra o reajuste
e vem pregando a realização de uma
CPI da Anatel no Congresso.
Desnecessário dizer que tais sinais
contribuem para criar um ambiente
de incertezas quanto aos marcos regulatórios que regem a concessão de
serviços públicos, gerando desconfiança em potenciais investidores. Se
há equívocos nos acordos firmados
por ocasião das privatizações -e
aparentemente há-, eles deveriam
ser corrigidos seguindo uma agenda
de negociação de alto nível.
Para acrescentar mais turbulência
ao setor, o ministro veio a público
afirmar que conhece documentação
referente à privatização das telefônicas que comprovaria "irregularidades de pessoas que participaram do
processo de licitação e de uma pessoa que não tinha vinculação com a
área da administração direta".
Ora, se possui tal documentação
ou se sabe onde obtê-la, que indique
aos órgãos competentes (se é que
com eles já não se encontra) para que
se procedam às apurações. Da forma
como a questão foi posta, fica a impressão de que o ministro emite sinais dúbios com o objetivo de pressionar ou de chantagear terceiros em
seus embates políticos.
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