São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2007

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PPPs na infra-estrutura

HÁ ASPECTOS positivos na desistência do governo federal de transferir à iniciativa privada 600 km da rodovia BR-116 (de Salvador à fronteira com Minas) por meio de Parceria Público-Privada (PPP). Dez meses atrás, a estrada foi escolhida pela gestão Lula para inaugurar a nova modalidade de contrato, autorizada pela lei nš 11.079, de dezembro de 2004.
Apesar do golpe simbólico num programa já apresentado como essencial para resolver a crise de investimentos em infra-estrutura, a opção do governo por privatizar pura e simplesmente o trecho da rodovia é razoável e reflete uma mudança de perspectiva para esse setor. À diferença da PPP, o mecanismo escolhido dispensa a transferência regular de recursos do Tesouro para o vencedor da licitação.
Quando as condições básicas se apresentam -fluxo razoável de veículos e apetite do setor privado por investimentos de longo prazo-, é preferível que o usuário financie o empreendimento mediante o pagamento de pedágio. As PPPs só devem ser acionadas nos casos em que há um potencial mínimo de remuneração, mas não o suficiente para pagar o investimento.
A decisão do governo em relação à BR-116 reflete um ambiente econômico diverso daquele em que as PPPs foram debatidas. A queda nas taxas de juros, a fartura de capitais no planeta, a baixa probabilidade de uma crise cambial no Brasil e o crescimento da atividade produtiva doméstica incentivam os detentores de riqueza a aplicar recursos em setores como o de infra-estrutura. Buscam maiores taxas de retorno e, para tanto, aceitam alongar os prazos do investimento.
É lamentável que o governo aproveite apenas parcialmente esses ventos favoráveis. O programa de concessões de rodovias é tímido e anda em marcha lenta. Além disso, o Executivo se recusa a conceder à iniciativa privada os portos, aeroportos e entrepostos federais de maior fluxo.
Perde chances de alavancar investimentos na modernização e na ampliação da infra-estrutura, essenciais para que o país possa crescer por muitos anos.


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