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CLÓVIS ROSSI
Dunga e Lula
SÃO PAULO - A reação ao episódio
das vaias demonstra que cresce a
intolerância à crítica no Brasil. Não,
não me refiro às reações à vaia ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não surpreende que os hidrófobos do lulo-petismo tenham babado e mordido. É tudo o que sabem
fazer.
O problema é que essa mentalidade estúpida parece ter contaminado gente, como Dunga e alguns
jogadores da seleção, que deveria
saber que vaia e aplauso são parte
da vida, conforme o time jogue bem
ou mal. O desempenho do Brasil, no
início da Copa América, foi triste,
pobre, medíocre, muito ruim.
Tão ruim que o time só foi à final
porque, como diz Ricardo da Silva
Leonardi, companheiro da Folha, o
goleiro Doni conseguiu a proeza de
chegar à bola antes do batedor do
pênalti (Lugano), o que nunca antes havia acontecido neste pa..., ops,
na Copa América.
Lindo, mas ilegal.
Logo, as vaias eram perfeitamente justificadas. Não havia nenhum
complô da turma do César Maia para derrubar Dunga, o Felipão está
feliz da vida em Portugal, o Parreira
está treinando a África do Sul, o
Feola já morreu.
Logo, não se justifica nem remotamente o discurso boboca de Dunga sobre a pureza das crianças, únicas a merecer homenagens, numa
insinuação de que os adultos -pelo
menos os adultos que criticaram a
seleção- o fizeram por serem impuros, não pelo jogo ruim.
Lula, aliás, apesar de compreensivelmente triste, reagiu melhor
que Dunga. Não quis saber se a manifestação foi ou não orquestrada.
"A mim, não interessa o que aconteceu, já aconteceu." Ponto.
Dunga é que deveria tirar lições
das vaias e aplausos, porque é a única maneira de construir um time
melhor. "Grupo fechado", como
costumam dizer os "boleiros", é
coisa de máfia, não do grande espetáculo que deveria ser o futebol
brasileiro. Sempre.
crossi@uol.com.br
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