São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2007

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CLÓVIS ROSSI

Dunga e Lula

SÃO PAULO - A reação ao episódio das vaias demonstra que cresce a intolerância à crítica no Brasil. Não, não me refiro às reações à vaia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não surpreende que os hidrófobos do lulo-petismo tenham babado e mordido. É tudo o que sabem fazer.
O problema é que essa mentalidade estúpida parece ter contaminado gente, como Dunga e alguns jogadores da seleção, que deveria saber que vaia e aplauso são parte da vida, conforme o time jogue bem ou mal. O desempenho do Brasil, no início da Copa América, foi triste, pobre, medíocre, muito ruim.
Tão ruim que o time só foi à final porque, como diz Ricardo da Silva Leonardi, companheiro da Folha, o goleiro Doni conseguiu a proeza de chegar à bola antes do batedor do pênalti (Lugano), o que nunca antes havia acontecido neste pa..., ops, na Copa América.
Lindo, mas ilegal.
Logo, as vaias eram perfeitamente justificadas. Não havia nenhum complô da turma do César Maia para derrubar Dunga, o Felipão está feliz da vida em Portugal, o Parreira está treinando a África do Sul, o Feola já morreu.
Logo, não se justifica nem remotamente o discurso boboca de Dunga sobre a pureza das crianças, únicas a merecer homenagens, numa insinuação de que os adultos -pelo menos os adultos que criticaram a seleção- o fizeram por serem impuros, não pelo jogo ruim.
Lula, aliás, apesar de compreensivelmente triste, reagiu melhor que Dunga. Não quis saber se a manifestação foi ou não orquestrada. "A mim, não interessa o que aconteceu, já aconteceu." Ponto.
Dunga é que deveria tirar lições das vaias e aplausos, porque é a única maneira de construir um time melhor. "Grupo fechado", como costumam dizer os "boleiros", é coisa de máfia, não do grande espetáculo que deveria ser o futebol brasileiro. Sempre.

crossi@uol.com.br


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