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REFORMA PSIQUIÁTRICA
Cada vez mais, os avanços da
psiquiatria parecem tornar obsoleta a concepção de que o tratamento de doenças mentais passa necessariamente pelo confinamento do
paciente. Embora as conquistas no
campo da psicofarmacologia ainda
estejam muito longe de proporcionar uma vida "normal" para todos os
doentes mentais, é um fato que grande parte dos pacientes psiquiátricos
não precisa passar a vida num leito
de manicômio.
Mesmo em alguns casos graves,
doentes mentais podem receber tratamento ambulatorial e morar com
suas famílias ou em residências terapêuticas. Freqüentemente, tirá-los
dos hospitais resulta em rápida melhora. É preciso, portanto, caminhar
para que leitos psiquiátricos sejam
trocados por estruturas mais humanas e eficazes de atendimento.
O projeto de reforma da área de
saúde mental, prometida pelo Ministério da Saúde, contempla bem esses
aspectos. Lamentavelmente, contudo, a reforma terá mais um adiamento. O ministério cedeu a pressões de
unidades hospitalares e de gestores
municipais e estaduais e estendeu
por mais 120 dias o prazo para que o
Estado de São Paulo -além de 25
administrações municipais- reduza a quantidade de leitos psiquiátricos conforme determinado pelo governo federal. Ressalte-se que o principal motivo alegado pelos responsáveis pela saúde mental nos municípios e no Estado é razoável. Ao que
tudo indica, ainda é insuficiente o
número de instituições capazes de
receber os doentes oriundos dos manicômios.
O que o episódio demonstra é que,
embora a reestruturação da saúde
mental esteja na agenda do governo,
não parece ter havido suficiente planejamento em sua execução. O mero
estabelecimento de metas e a simples fiscalização de seu cumprimento certamente não bastam para que a
reestruturação se concretize. A mudança demanda ações concretas e
verbas. Do contrário, será mais um
projeto social do atual governo a ganhar fama e não sair do papel.
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