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PROPOSTA DE DIÁLOGO
Uma eventual retomada das
negociações de paz entre o governo da Colômbia e as Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia) ainda é menos do que uma perspectiva distante. Isso não invalida a
atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de oferecer a seu colega Álvaro Uribe o Brasil como território
neutro para a abertura de um diálogo
entre as Farc e a ONU. Para que o
processo de paz tenha uma chance
no futuro, é preciso desde já abrir canais de comunicação entre as partes.
As Farc cometeram graves erros no
passado recente. As negociações que
vinham sendo mantidas com o governo colombiano de Andrés Pastrana (1998-2002) fracassaram principalmente por culpa da guerrilha, que
não teve a maturidade necessária para abandonar as armas e converter-se
num partido político. Pior do que isso, as Farc radicalizaram e passaram
a praticar ações terroristas.
Apesar dessas faltas e de outras, parece improvável que o governo venha
a ter uma vitória militar definitiva sobre as Farc ou vice-versa. Também é
impossível desvincular inteiramente
o fenômeno da guerrilha, que existe
na Colômbia há quatro décadas, da
situação política e social que a engendrou e vem alimentando. Assim,
não são poucos os analistas a afirmar
que, no futuro, a paz quase certamente passará por um entendimento
entre o governo e os representantes
das guerrilhas (há outros grupos rebeldes além das Farc).
Lula, ao enfatizar desde já a importância do diálogo, procura firmar o
Brasil como potência regional, apresentando-o como alternativa aos
EUA, cujo papel na Colômbia tem sido o de apostar na militarização do
conflito, oferecendo a Bogotá recursos financeiros e assessoria militar
para combater a associação entre
guerrilha e narcotráfico.
Pode até ser que a iniciativa, ainda
na dependência de um pedido formal do governo colombiano e da
ONU, se frustre, mas não deixará de
ter sido elogiável o gesto brasileiro
em favor do entendimento e da paz.
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