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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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PROPOSTA DE DIÁLOGO

Uma eventual retomada das negociações de paz entre o governo da Colômbia e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) ainda é menos do que uma perspectiva distante. Isso não invalida a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de oferecer a seu colega Álvaro Uribe o Brasil como território neutro para a abertura de um diálogo entre as Farc e a ONU. Para que o processo de paz tenha uma chance no futuro, é preciso desde já abrir canais de comunicação entre as partes.
As Farc cometeram graves erros no passado recente. As negociações que vinham sendo mantidas com o governo colombiano de Andrés Pastrana (1998-2002) fracassaram principalmente por culpa da guerrilha, que não teve a maturidade necessária para abandonar as armas e converter-se num partido político. Pior do que isso, as Farc radicalizaram e passaram a praticar ações terroristas.
Apesar dessas faltas e de outras, parece improvável que o governo venha a ter uma vitória militar definitiva sobre as Farc ou vice-versa. Também é impossível desvincular inteiramente o fenômeno da guerrilha, que existe na Colômbia há quatro décadas, da situação política e social que a engendrou e vem alimentando. Assim, não são poucos os analistas a afirmar que, no futuro, a paz quase certamente passará por um entendimento entre o governo e os representantes das guerrilhas (há outros grupos rebeldes além das Farc).
Lula, ao enfatizar desde já a importância do diálogo, procura firmar o Brasil como potência regional, apresentando-o como alternativa aos EUA, cujo papel na Colômbia tem sido o de apostar na militarização do conflito, oferecendo a Bogotá recursos financeiros e assessoria militar para combater a associação entre guerrilha e narcotráfico.
Pode até ser que a iniciativa, ainda na dependência de um pedido formal do governo colombiano e da ONU, se frustre, mas não deixará de ter sido elogiável o gesto brasileiro em favor do entendimento e da paz.


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