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ELIANE CANTANHÊDE
Que país é este?
BRASÍLIA - Na OMC, o Brasil de Lula lidera um grupo de 23 países contra o
protecionismo dos EUA e da União
Européia.
Na Colômbia, Lula ofereceu o território brasileiro para um encontro da
ONU com as Farc, botando o pé num
país dividido entre EUA e guerrilha.
No Peru e na Venezuela, oficializou
convite para integrarem o Mercosul,
fortalecendo o bloco na negociação
da Alca contra os EUA.
Em Nova York, pode propor que a
ONU assuma o papel dos EUA de
mediação no Oriente Médio.
Em Havana, em seguida, reforçará
a amizade com Fidel Castro sem chegar ao ponto de prestigiar um daqueles comícios de horas e para 1 milhão
de pessoas contra os EUA.
Na África, em novembro, enfatizará uma aliança mais consistente sul-sul -dos pobres e dos mais ou menos
contra os ricos (logo EUA).
Nos países árabes, em dezembro,
Lula estará mostrando que, enquanto os EUA guerreiam com o Iraque, o
Brasil se aproxima até da Síria -alvo potencial dos americanos.
O Brasil de Lula, portanto, insiste
na linha de afirmação de uma política externa "ativa" e "altiva" e de um
papel de liderança não apenas na
América do Sul mas entre os países
pobres e "em desenvolvimento".
É nesse contexto que o governo do
PT se prepara para negociar com o
FMI pela primeira vez. Com duas
"agravantes". No passado, o PT liderava o "fora, FMI". No presente, o argentino Néstor Kirchner tomou a
dianteira na negociação "altiva".
Blefou com o calote, acabou pagando
os US$ 2,9 bilhões e lucrou uma redução de 4% para 3% na meta de superávit fiscal, com um refresco para investimentos. O Brasil, tão "altivo",
não pode deixar por menos.
No frigir dos ovos, o que está ocorrendo não é uma guerra entre o Brasil e os EUA, ou de pobres contra ricos
-até porque todos sabemos quem
seriam os vencedores. Somando tudo,
o Brasil está apenas se fortalecendo
politicamente para arrancar vantagens economicamente. Do FMI, por
exemplo. E o FMI, como tudo em volta, só faz o que os EUA querem.
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