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Recaída no Afeganistão
COMPARADO ao Iraque, o
Afeganistão é uma espécie
de jardim das delícias. A intervenção norte-americana no
país centro-asiático quase foi coroada de êxito. O odioso regime
do Taleban foi deposto e em seu
lugar foi instaurado um governo
que, se não surgiu com total legitimidade, acabou por conquistá-la posteriormente, através de
eleições democráticas.
Infelizmente, surgem sinais de
que também no Afeganistão a situação vai se deteriorando. Nas
últimas duas semanas, forças da
Otan (aliança militar ocidental)
envolveram-se em encarniçados
combates com guerrilheiros do
Taleban. Também têm ocorrido
atentados terroristas em Cabul,
a capital afegã -o que até havia
pouco não acontecia.
O grupo fundamentalista
pashtun está se reorganizando e
já controla extensas áreas de algumas Províncias no sul. Fá-lo
com a ajuda de recursos obtidos
com o tráfico de ópio, cuja produção aumentou impressionantes 49% neste ano. Na Província
de Helmand, a área de cultivo de
papoulas cresceu 162%.
O principal motivo a explicar o
recrudescimento do Taleban,
entretanto, é a fraqueza do governo de Hamid Karzai, o qual,
mesmo com o apoio das tropas
da Otan, não consegue impor sua
autoridade para além da área de
Cabul. Em larga medida a responsabilidade cabe aos países
ocidentais, que não forneceram
soldados em número suficiente.
O Taleban ainda não goza de
boa reputação no sul. Impõe-se
pelo medo. A situação, porém,
pode mudar, principalmente se a
Otan continuar atuando com
mão pesada nas ações contra milicianos. Bombas que caem fora
de lugar têm devastado o prestígio do governo Karzai.
Se os EUA e seus aliados não se
mostrarem capazes de corrigir as
falhas a tempo, correm o risco de
ver-se atolados não só no Iraque
mas também no Afeganistão.
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