São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Recaída no Afeganistão

COMPARADO ao Iraque, o Afeganistão é uma espécie de jardim das delícias. A intervenção norte-americana no país centro-asiático quase foi coroada de êxito. O odioso regime do Taleban foi deposto e em seu lugar foi instaurado um governo que, se não surgiu com total legitimidade, acabou por conquistá-la posteriormente, através de eleições democráticas.
Infelizmente, surgem sinais de que também no Afeganistão a situação vai se deteriorando. Nas últimas duas semanas, forças da Otan (aliança militar ocidental) envolveram-se em encarniçados combates com guerrilheiros do Taleban. Também têm ocorrido atentados terroristas em Cabul, a capital afegã -o que até havia pouco não acontecia.
O grupo fundamentalista pashtun está se reorganizando e já controla extensas áreas de algumas Províncias no sul. Fá-lo com a ajuda de recursos obtidos com o tráfico de ópio, cuja produção aumentou impressionantes 49% neste ano. Na Província de Helmand, a área de cultivo de papoulas cresceu 162%.
O principal motivo a explicar o recrudescimento do Taleban, entretanto, é a fraqueza do governo de Hamid Karzai, o qual, mesmo com o apoio das tropas da Otan, não consegue impor sua autoridade para além da área de Cabul. Em larga medida a responsabilidade cabe aos países ocidentais, que não forneceram soldados em número suficiente.
O Taleban ainda não goza de boa reputação no sul. Impõe-se pelo medo. A situação, porém, pode mudar, principalmente se a Otan continuar atuando com mão pesada nas ações contra milicianos. Bombas que caem fora de lugar têm devastado o prestígio do governo Karzai.
Se os EUA e seus aliados não se mostrarem capazes de corrigir as falhas a tempo, correm o risco de ver-se atolados não só no Iraque mas também no Afeganistão.


Texto Anterior: Editoriais: Pouca inovação
Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Concertação paulista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.