São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Concertação paulista

SÃO PAULO - Mesmo se não chegar ao segundo turno da eleição paulista, Aloizio Mercadante terá uma enorme dívida de gratidão a saldar com Orestes Quércia. Mas, como tantas outras, também essa contraída pelo senador petista será debitada -é o que tudo indica- na conta do presidente Lula.
Quércia sabe disso. Transformou desde cedo sua candidatura em linha auxiliar da campanha petista em São Paulo de olho no que poderá obter num segundo mandato em Brasília. A Quércia certamente caberá uma fatia do poder que Lula negocia em várias frentes com o PMDB -ou os PMDBs.
O que o bacharel do petismo, Tarso Genro, cuida de chamar de "concertação" -paródia da "concertación" chilena- é apenas, quando despida de sua impostura retórica, o jogo que está sendo arranjado entre o PT de Lula e o PMDB de Renan, Sarney, Jader, Suassuna, Newtão, Geddel, Requião, Romero Jucá, Saraiva Felipe e tantas outras figuras notórias.
São Paulo, porém, está mais uma vez na vanguarda do atraso. Coube a Quércia exibir em seu programa na TV, em primeira mão, imagens da entrevista dos Vedoin à "IstoÉ" com ataques a Serra. Isso no mesmo dia em que a PF flagrou petistas com R$ 1,7 milhão destinados a comprar dos mesmos Vedoin um dossiê contra o mesmo Serra.
Seria o caso de perguntar ao idiota Eremildo, o simpático personagem de Elio Gaspari, o que ele pensa de tamanha coincidência. Ou de perguntar ao PT de Mercadante, Tarso, Berzoini e Lula se terá sido esse o marco inaugural, a materialização precoce da "concertação" nacional do segundo mandato.
É preciso ser mais idiota que Eremildo para supor que a mala preta dos petistas Valdebran e Gedimar fosse pagar apenas por um dossiê fajuto, composto de variações de imagens já publicadas na imprensa, nas quais Serra discursa em 2001 ao lado de sanguessugas numa cerimônia de entrega de ambulâncias. Como nas promoções das revistas, as fotos parecem vir de brinde para quem comprou sua assinatura.


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