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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Concertação paulista
SÃO PAULO - Mesmo se não chegar ao segundo turno da eleição
paulista, Aloizio Mercadante terá
uma enorme dívida de gratidão a
saldar com Orestes Quércia. Mas,
como tantas outras, também essa
contraída pelo senador petista será
debitada -é o que tudo indica- na
conta do presidente Lula.
Quércia sabe disso. Transformou
desde cedo sua candidatura em linha auxiliar da campanha petista
em São Paulo de olho no que poderá obter num segundo mandato em
Brasília. A Quércia certamente caberá uma fatia do poder que Lula
negocia em várias frentes com o
PMDB -ou os PMDBs.
O que o bacharel do petismo,
Tarso Genro, cuida de chamar de
"concertação" -paródia da "concertación" chilena- é apenas,
quando despida de sua impostura
retórica, o jogo que está sendo arranjado entre o PT de Lula e o
PMDB de Renan, Sarney, Jader,
Suassuna, Newtão, Geddel, Requião, Romero Jucá, Saraiva Felipe
e tantas outras figuras notórias.
São Paulo, porém, está mais uma
vez na vanguarda do atraso. Coube
a Quércia exibir em seu programa
na TV, em primeira mão, imagens
da entrevista dos Vedoin à "IstoÉ"
com ataques a Serra. Isso no mesmo dia em que a PF flagrou petistas
com R$ 1,7 milhão destinados a
comprar dos mesmos Vedoin um
dossiê contra o mesmo Serra.
Seria o caso de perguntar ao idiota Eremildo, o simpático personagem de Elio Gaspari, o que ele pensa de tamanha coincidência. Ou de
perguntar ao PT de Mercadante,
Tarso, Berzoini e Lula se terá sido
esse o marco inaugural, a materialização precoce da "concertação" nacional do segundo mandato.
É preciso ser mais idiota que Eremildo para supor que a mala preta
dos petistas Valdebran e Gedimar
fosse pagar apenas por um dossiê
fajuto, composto de variações de
imagens já publicadas na imprensa,
nas quais Serra discursa em 2001
ao lado de sanguessugas numa cerimônia de entrega de ambulâncias.
Como nas promoções das revistas,
as fotos parecem vir de brinde para
quem comprou sua assinatura.
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