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FERNANDO RODRIGUES
Um caso obscuro
BRASÍLIA - Parece claro que a dupla que comandou os sanguessugas,
os Vedoins, tem péssimo caráter.
Agora, sabe-se, desceram ao esgoto
para negociar parte do papelório
que guardaram para este momento
do processo eleitoral. Uma pessoa
ligada ao PT foi pega com uma bolada para comprar o dossiê. Tudo isso
é verdade. OK. Mas três pontos ainda permanecem obscuros nessa
história:
1) o quanto há de verdade no suposto envolvimento de José Serra e
Barjas Negri (tucanos e ex-ministros da Saúde); 2) quem exatamente da direção PT conheceu a operação heterodoxa de compra de provas e 3) qual efeito terá o episódio sobre o processo eleitoral.
Possivelmente, nenhuma resposta definitiva virá antes de 1º de outubro. Sobre Serra e Barjas Negri, as
fotos e o vídeo da entrega de ambulâncias nada provam. O fato de esses dois terem confraternizado em
2001 com gente hoje encrencada
com máfia dos sanguessugas é parte
do ofício de político. Quantos vídeos existem de Lula se refestelando com Humberto Costa e Delúbio
Soares? Mas o presidente da República sustenta sempre que nada sabia sobre o que se passava debaixo
do seu nariz.
No caso do PT, se ficar provado
que algum alto dirigente se meteu
com a compra do dossiê, o partido
descerá mais um degrau na escada
da ética. Como já está no fundo do
poço, pouca diferença fará.
De todas as dúvidas, a maior é sobre o efeito eleitoral. Como o vídeo
e o novo lote de acusações contra
Serra estão vinculados à negociação
torpe dos Vedoins, as TVs devem
optar por tratar do tema de maneira
incompreensível para a maioria dos
eleitores. Vai ficar tudo na conta do
"isso é politicagem" e não tem importância. Se for assim, o caso todo
poderá ser apenas um soluço de final de eleição
frodriguesbsb@uol.com.br
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