São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

Um caso obscuro

BRASÍLIA - Parece claro que a dupla que comandou os sanguessugas, os Vedoins, tem péssimo caráter.
Agora, sabe-se, desceram ao esgoto para negociar parte do papelório que guardaram para este momento do processo eleitoral. Uma pessoa ligada ao PT foi pega com uma bolada para comprar o dossiê. Tudo isso é verdade. OK. Mas três pontos ainda permanecem obscuros nessa história:
1) o quanto há de verdade no suposto envolvimento de José Serra e Barjas Negri (tucanos e ex-ministros da Saúde); 2) quem exatamente da direção PT conheceu a operação heterodoxa de compra de provas e 3) qual efeito terá o episódio sobre o processo eleitoral.
Possivelmente, nenhuma resposta definitiva virá antes de 1º de outubro. Sobre Serra e Barjas Negri, as fotos e o vídeo da entrega de ambulâncias nada provam. O fato de esses dois terem confraternizado em 2001 com gente hoje encrencada com máfia dos sanguessugas é parte do ofício de político. Quantos vídeos existem de Lula se refestelando com Humberto Costa e Delúbio Soares? Mas o presidente da República sustenta sempre que nada sabia sobre o que se passava debaixo do seu nariz.
No caso do PT, se ficar provado que algum alto dirigente se meteu com a compra do dossiê, o partido descerá mais um degrau na escada da ética. Como já está no fundo do poço, pouca diferença fará.
De todas as dúvidas, a maior é sobre o efeito eleitoral. Como o vídeo e o novo lote de acusações contra Serra estão vinculados à negociação torpe dos Vedoins, as TVs devem optar por tratar do tema de maneira incompreensível para a maioria dos eleitores. Vai ficar tudo na conta do "isso é politicagem" e não tem importância. Se for assim, o caso todo poderá ser apenas um soluço de final de eleição


frodriguesbsb@uol.com.br

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