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Fracasso eloqüente
SEMPRE QUE confrontados
com denúncias de corrupção no governo, entusiastas
do lulo-petismo se apressam em
brandir o emblema da Polícia
Federal (PF). Afirmam que nunca antes na história deste país
tantos criminosos de colarinho
branco foram investigados e, dependendo do caso, presos.
É bem verdade que a PF vem,
ao longo dos últimos anos, se tornando um órgão mais atuante,
que produziu grande número de
operações policiais de alta visibilidade. O impacto dessa atuação
tende a ser positivo. Exageram,
porém, os que decretam ter a PF
se tornado uma polícia de Estado, impermeável a pressões políticas. Aqui, os fracassos da corporação se tornam mais eloqüentes que seus sucessos.
Na noite do dia 15 de setembro
do ano passado, petistas ligados à
campanha do presidente Lula foram presos com R$ 1,7 milhão
que seria usado para comprar
um suposto dossiê com acusações contra tucanos. Os tais documentos revelaram-se uma patranha, mas a PF, em flagrante contraste com a propaganda que
faz de si mesma, não foi até hoje
capaz de esclarecer a origem do
dinheiro, que poderia comprometer petistas de alto coturno
com crimes fiscais e eleitorais.
As investigações estão paradas,
não só no âmbito policial, como
também no do Ministério Público, da Justiça e do próprio PT,
que prometera esclarecer tudo.
O delegado da PF Edmilson Bruno, que, contra determinação da
superintendência, repassou à
imprensa as fotografias do dinheiro, ficou um ano afastado de
suas funções e respondeu a dezenas de procedimentos internos.
A PF por certo melhorou, mas
ainda está a anos-luz da polícia
de Estado republicana que se deseja. Pelo visto, no Brasil ainda
vale a pena ser amigo do rei.
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