São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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Fracasso eloqüente

SEMPRE QUE confrontados com denúncias de corrupção no governo, entusiastas do lulo-petismo se apressam em brandir o emblema da Polícia Federal (PF). Afirmam que nunca antes na história deste país tantos criminosos de colarinho branco foram investigados e, dependendo do caso, presos.
É bem verdade que a PF vem, ao longo dos últimos anos, se tornando um órgão mais atuante, que produziu grande número de operações policiais de alta visibilidade. O impacto dessa atuação tende a ser positivo. Exageram, porém, os que decretam ter a PF se tornado uma polícia de Estado, impermeável a pressões políticas. Aqui, os fracassos da corporação se tornam mais eloqüentes que seus sucessos.
Na noite do dia 15 de setembro do ano passado, petistas ligados à campanha do presidente Lula foram presos com R$ 1,7 milhão que seria usado para comprar um suposto dossiê com acusações contra tucanos. Os tais documentos revelaram-se uma patranha, mas a PF, em flagrante contraste com a propaganda que faz de si mesma, não foi até hoje capaz de esclarecer a origem do dinheiro, que poderia comprometer petistas de alto coturno com crimes fiscais e eleitorais.
As investigações estão paradas, não só no âmbito policial, como também no do Ministério Público, da Justiça e do próprio PT, que prometera esclarecer tudo. O delegado da PF Edmilson Bruno, que, contra determinação da superintendência, repassou à imprensa as fotografias do dinheiro, ficou um ano afastado de suas funções e respondeu a dezenas de procedimentos internos.
A PF por certo melhorou, mas ainda está a anos-luz da polícia de Estado republicana que se deseja. Pelo visto, no Brasil ainda vale a pena ser amigo do rei.


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