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PF prende PF
O DIRETOR-EXECUTIVO da
Polícia Federal, Romero
Menezes, segundo na hierarquia da corporação, foi preso
anteontem pelo seu chefe direto
e amigo pessoal, o diretor-geral
Luiz Fernando Corrêa. A prisão
temporária foi pedida pelo Ministério Público Federal do
Amapá, num desdobramento da
Operação Toque de Midas, que
investiga suposto esquema de
fraudes em licitações no Estado.
A detenção, revogada logo depois, foi mais um fato negativo a
pesar sobre a imagem da instituição, que dá sinais reiterados de
descontrole. A Corregedoria da
PF abriu processo contra Menezes. Cabe perguntar se terá isenção para escapar ao jogo de interesses que ali prevalece.
O episódio afeta, de modo mais
geral, a credibilidade do aparato
de segurança do Estado -até
porque outra instituição afim, a
Agência Brasileira de Inteligência, está sob forte suspeição. O titular da Abin, Paulo Lacerda, que
dirigiu a PF até 2007, foi afastado por conta da investigação sobre o grampo no telefone do presidente do Supremo Tribunal
Federal, Gilmar Mendes.
É importante que legisladores
e autoridades aproveitem a
oportunidade para aperfeiçoar o
controle sobre esses órgãos de
segurança. Nesse sentido caminha o projeto do senador Demóstenes Torres (DEM-GO),
que cria um conselho de parlamentares com acesso irrestrito a
relatórios de inteligência. É preciso saber, no entanto, que garantias seriam dadas aos cidadãos de que esse órgão não se
tornaria mais uma fonte de vazamentos de dados sob segredo.
No caso da Abin, a própria lei
que a criou prevê vigilância externa, a cargo do Congresso. A
Comissão Mista de Controle das
Atividades de Inteligência, que
só agora se movimenta, poderá,
assim, tornar-se o primeiro fruto
desse amadurecimento institucional do país -no intuito de resguardar as garantias individuais
em atividades que, sem tutela,
tendem a degenerar em abuso.
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