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AJUSTE AMERICANO
O elevado potencial de acumulação das empresas e bancos norte-americanos, muito acima
da capacidade de absorção do mercado doméstico, levou à internacionalização de suas estruturas produtivas e financeiras em diferentes momentos ao longo dos últimos 80
anos. Os investimentos diretos das
empresas norte-americanas no resto
do mundo foram estimados em US$
2,7 trilhões, em dezembro de 2003.
Após a explosão da "bolha de ativos" associada à chamada nova economia, em março de 2000, intensificou-se o movimento das grandes
corporações dos EUA em direção aos
países asiáticos, aprofundando o
persistente déficit externo norte-americano. No segundo trimestre de
2004, o resultado negativo alcançou
US$ 166,2 bilhões, o que projeta um
valor de US$ 664,7 bilhões em 12 meses, equivalente a 5,7% do PIB.
O financiamento do renitente déficit externo norte-americano, desde
1982, ampliou a dívida externa líqüida do país para US$ 2,6 trilhões, correspondendo a 22,7% do PIB. A diferença entre o que o país remete para
o exterior e o que recebe a título de lucros, dividendos e juros está caindo.
No segundo trimestre de 2004, o saldo foi de apenas US$ 2,6 bilhões.
A fim de conter essa tendência, o
Congresso aprovou uma lei que institui fortes incentivos fiscais à repatriação de lucros e dividendos em
2004 e 2005. Diversos estudos, ainda
preliminares, projetam, com a nova
lei, repatriação de lucros e dividendos entre US$ 200 bilhões e US$ 500
bilhões. Em 2003, as receitas recebidas de empresas do país no exterior
somaram US$ 187,5 bilhões. O aumento dessas rendas poderá facilitar
o financiamento do déficit em conta
corrente e fortalecer o dólar em 3% a
5% em relação às principais moedas.
O aspecto negativo é a possibilidade de que diminuam os investimentos das empresas norte-americanas
nos países em desenvolvimento. O
positivo é que a redução do déficit
dos EUA tende a diminuir os riscos
de turbulências na economia global.
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