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FERNANDO RODRIGUES
O PT vai perder. E daí?
BRASÍLIA - Está em curso uma pré-avaliação sobre as possíveis derrotas
do PT em São Paulo e em Porto Alegre, as capitais em que o partido de
Lula pode tomar uma sova.
Como diria o conselheiro Acácio,
ganhar é sempre melhor do que perder, mas não tem conexão com a realidade a avaliação de que o PT e Lula
sairão como os grandes derrotados
das eleições deste ano se ficarem sem
São Paulo e Porto Alegre.
Haverá desgaste político, como em
toda derrota. Mas sua causa tem de
ser debitada na conta de Lula, inábil
ao apoiar Marta Suplicy
de maneira atabalhoada. O presidente foi mal assessorado -já é uma
praxe. Seu voluntarismo não funcionou. Só valorizou a eventual vitória
de José Serra e de Geraldo Alckmin.
A história recente está aí para provar a desconexão de grandes derrotas
nas capitais com um fracasso na disputa presidencial. Em 1996, José Serra apanhou feio do PT e do malufismo. Não conseguiu passar ao segundo turno da eleição paulistana.
Dois anos depois, FHC foi reeleito
presidente da República no primeiro
turno, com o apoio do malufismo, do
PMDB e quejandos.
Por que a derrota de Serra em 1996
e do PSDB em várias capitais não
afetou a reeleição de FHC em 1998?
Simples. A economia cresceu 4,2%,
2,7% e 3,3% em 1995, 1996 e 1997. A
inflação anual nesse período foi espetacularmente declinante, de 23,17%,
10,04% e 4,83%.
Em 1998, o Plano Real e seu câmbio
sobrevalorizado estavam apodrecidos. Não importou. O empuxo dos
três anos anteriores e uma aliança
ampla reelegeram FHC.
A mesmíssima regra vale para Lula. A aliança ampla o PT não tem,
mas compensa-a, em parte, com a estrutura quase profissional e com a rigidez gerencial de seus diretórios, algo que os tucanos nunca tiveram.
A economia crescerá perto de 4,5%
neste ano. Se repetir a dose em 2005,
Lula dá grande passo para sua reeleição. Terá de encontrar um emprego
para Marta Suplicy, mas esse, convenhamos, é seu menor problema.
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