São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

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ELIANE CANTANHÊDE

Epidemia

BRASÍLIA - Enquanto você discute Renan Calheiros, a capa da "Playboy" e se a CPMF deve ou não acabar, é melhor ir botando areia nas plantas, emborcando latas e cuias e secando poças. Porque agüentar essa história toda de Senado é de doer, mas dengue pode matar.
OK. O governo vai arranjar um jeito de jogar toda a culpa na herança maldita, já que José Serra era ministro da Saúde e mandou demitir sei lá quantos matadores do mosquito Aedes aegypt no Rio. Era isso que nós e o PT dizíamos, não era?
Bem, mas a dengue virou uma epidemia, e isso é "absolutamente injustificável", como disse o atual ministro da Saúde, José Gomes Temporão. O PT e Lula não estão no poder há cinco anos? Então, a herança maldita é do primeiro mandato.
Pelos dados de Temporão, já são 481.316 casos de dengue notificados de janeiro a setembro, 50% a mais do que no mesmo período do ano passado. Foram 121 mortes, contra 77 em todo o ano de 2006.
A dengue tem quatro classificações, numeradas de 1 a 4, e, além de incomodar e doer, ela pode matar.
Não escolhe raça, cor, classe social, mas, como sempre, os mais pobres são os mais atingidos e mais suscetíveis à forma letal.
O combate à dengue exige campanhas de esclarecimento, não apenas à população mas também e principalmente ao pessoal de saúde, desde o auxiliar ao enfermeiro e ao médico. É preciso investir contra o mosquito, neutralizar os ambientes que lhe são propícios e alertar os hospitais para um pronto diagnóstico. Identificar rapidamente a doença pode ser como decidir entre a vida ou a morte.
Estamos na primavera, e o pior vem aí. A proliferação mais grave da doença é no verão, época de calor escaldante e chuva intensa. Os Estados mais afetados são Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio, Paraná e Minas, mas todos os demais devem se prevenir enquanto é tempo, se é que ainda há tempo.


elianec@uol.com.br

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