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ELIANE CANTANHÊDE
Epidemia
BRASÍLIA - Enquanto você discute Renan Calheiros, a capa da "Playboy" e se a CPMF deve ou não acabar, é melhor ir botando areia nas
plantas, emborcando latas e cuias e
secando poças. Porque agüentar essa história toda de Senado é de doer,
mas dengue pode matar.
OK. O governo vai arranjar um
jeito de jogar toda a culpa na herança maldita, já que José Serra era ministro da Saúde e mandou demitir
sei lá quantos matadores do mosquito Aedes aegypt no Rio. Era isso
que nós e o PT dizíamos, não era?
Bem, mas a dengue virou uma
epidemia, e isso é "absolutamente
injustificável", como disse o atual
ministro da Saúde, José Gomes
Temporão. O PT e Lula não estão
no poder há cinco anos? Então, a
herança maldita é do primeiro
mandato.
Pelos dados de Temporão, já são
481.316 casos de dengue notificados de janeiro a setembro, 50% a
mais do que no mesmo período do
ano passado. Foram 121 mortes,
contra 77 em todo o ano de 2006.
A dengue tem quatro classificações, numeradas de 1 a 4, e, além de
incomodar e doer, ela pode matar.
Não escolhe raça, cor, classe social,
mas, como sempre, os mais pobres
são os mais atingidos e mais suscetíveis à forma letal.
O combate à dengue exige campanhas de esclarecimento, não apenas à população mas também e
principalmente ao pessoal de saúde, desde o auxiliar ao enfermeiro e
ao médico. É preciso investir contra o mosquito, neutralizar os ambientes que lhe são propícios e alertar os hospitais para um pronto
diagnóstico. Identificar rapidamente a doença pode ser como decidir entre a vida ou a morte.
Estamos na primavera, e o pior
vem aí. A proliferação mais grave
da doença é no verão, época de calor escaldante e chuva intensa. Os
Estados mais afetados são Mato
Grosso do Sul, São Paulo, Rio, Paraná e Minas, mas todos os demais
devem se prevenir enquanto é tempo, se é que ainda há tempo.
elianec@uol.com.br
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