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ELIANE CANTANHÊDE
Ao sabor dos ventos de campanha
BRASÍLIA - Aperte o cinto porque
o piloto sumiu! Aliás, o piloto, o copiloto, a tripulação inteira voa por
aí em campanha aberta, deixando
Brasília entregue... Entregue a
quem mesmo?
O presidente Lula viaja tanto ou
mais pelo mundo do que "Fernando
Viajando Cardoso", lembra? E passa três dias "fiscalizando" as obras
de transposição do rio São Francisco, enquanto tira fotos pescando
com a candidata Dilma.
Aliás, Dilma também viaja por aí,
enquanto a Casa Civil fica por aqui,
em Brasília, com os atos e programas do governo em segundo plano.
Além deles, o ministro Tarso
Genro assume a campanha no Rio
Grande do Sul e até o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles,
é candidato a alguma coisa, não se
sabe exatamente ao quê.
Já há ministros reclamando. Desses ministros chatos, de áreas técnicas, que têm de tomar decisões, assinar atos, tocar o bonde -e não os
aviões- adiante. Cadê o Lula? Não
está. Cadê a Dilma? Não está. E aí, o
que fazer? Fácil: chama o bispo!
Tudo pela campanha, até um recuo atrás do outro. Num dia, o governo diz que pretende taxar a poupança. Dá uma confusão danada, aí
recua. No outro, o repórter Leonardo Sousa descobre a mutreta de
empurrar com a barriga a devolução do IR da classe média para compensar a queda de arrecadação. Dá
uma confusão danada, aí recua.
Nessa campanha descarada, todo
recuo vale. Até na Vale mesmo, uma
empresa privada. Antes, Lula falava
mal da Vale, Dilma cobrava a companhia, ambos deixavam claro que,
se dependesse do Planalto, a permanência de Roger Agnelli na presidência estava por um fio. Até que
o megaempresário Eike Batista entregou o jogo: que tal botar no lugar
do técnico Agnelli o político Sérgio
Rosa, do PT?
Deu no que deu: uma confusão
danada. Aí, todo mundo recuou, ficou o dito pelo não dito, e Agnelli
ganhou sobrevida. Mas só "no momento", como bem disse Eike.
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