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PLÍNIO FRAGA
Madame e os trópicos
RIO DE JANEIRO - O Partido Socialista francês acaba de escolher
uma mulher para ser sua candidata
a presidente em 2007, Ségolène Royal. Seu provável adversário à direita, Nicolas Sarkozy, saudou a vitória
de madame Royal na prévia socialista como uma renovação. Como
cá, lá os analistas foram logo chamados a palpitar como Sarkozy deve debater com Royal sem que seus
ataques pareçam machistas.
Ségolène Royal, quando governou a região de Poitou-Charentes,
implantou o orçamento participativo, que era no passado uma marca
das administrações municipais petistas. Royal esteve em Porto Alegre, em 2002, para participar do Fórum Social Mundial. Almoçou com
Lula na cachaçaria Água Doce. À
época, as atenções estavam voltadas para o marido de Royal, o dirigente socialista François Hollande,
então cotado para ser primeiro-ministro se Lionel Jospin vencesse as
eleições presidenciais.
Lula, Royal, Hollande, Marta Suplicy e Luis Favre sentaram-se à
mesa da cachaçaria. Houve rodadas
da bebida característica da casa.
Iniciaram-se ali os acertos para
que, três meses depois, na reta final
da campanha, Lula fosse participar
de comício do candidato socialista,
Lionel Jospin. O petista chegou a
discursar no comício, sendo traduzido ao vivo por Favre.
Jospin perdeu as eleições, e as relações com o petista esfriaram. Os
franceses entenderam como um erro a guinada mais à esquerda de
Jospin na reta final. O socialista terminou fora do segundo turno, tendo sido ultrapassado pelo direitista
Jean-Marie Le Pen.
Ségolène esteve no Chile para
apoiar a candidatura, mais tarde
vencedora, de Michelle Bachelet.
Neste ano, já em ascensão na França, preferiu manter-se distante da
disputa de Lula pela reeleição. Não
se sabe se madame teme o efeito
Jospin ou o mensalão.
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