São Paulo, sábado, 18 de novembro de 2006

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PLÍNIO FRAGA

Madame e os trópicos

RIO DE JANEIRO - O Partido Socialista francês acaba de escolher uma mulher para ser sua candidata a presidente em 2007, Ségolène Royal. Seu provável adversário à direita, Nicolas Sarkozy, saudou a vitória de madame Royal na prévia socialista como uma renovação. Como cá, lá os analistas foram logo chamados a palpitar como Sarkozy deve debater com Royal sem que seus ataques pareçam machistas.
Ségolène Royal, quando governou a região de Poitou-Charentes, implantou o orçamento participativo, que era no passado uma marca das administrações municipais petistas. Royal esteve em Porto Alegre, em 2002, para participar do Fórum Social Mundial. Almoçou com Lula na cachaçaria Água Doce. À época, as atenções estavam voltadas para o marido de Royal, o dirigente socialista François Hollande, então cotado para ser primeiro-ministro se Lionel Jospin vencesse as eleições presidenciais.
Lula, Royal, Hollande, Marta Suplicy e Luis Favre sentaram-se à mesa da cachaçaria. Houve rodadas da bebida característica da casa. Iniciaram-se ali os acertos para que, três meses depois, na reta final da campanha, Lula fosse participar de comício do candidato socialista, Lionel Jospin. O petista chegou a discursar no comício, sendo traduzido ao vivo por Favre.
Jospin perdeu as eleições, e as relações com o petista esfriaram. Os franceses entenderam como um erro a guinada mais à esquerda de Jospin na reta final. O socialista terminou fora do segundo turno, tendo sido ultrapassado pelo direitista Jean-Marie Le Pen.
Ségolène esteve no Chile para apoiar a candidatura, mais tarde vencedora, de Michelle Bachelet. Neste ano, já em ascensão na França, preferiu manter-se distante da disputa de Lula pela reeleição. Não se sabe se madame teme o efeito Jospin ou o mensalão.


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