|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Experimento a seguir
SÃO PAULO - O PSOE (Partido
Socialista Operário Espanhol) vai
fazer uma experiência a que deveria
prestar atenção toda a esquerda
que sobrou da queda do Muro de
Berlim.
Seguinte: convocou 14 especialistas estrangeiros para colaborar (de
graça, diz o partido) na elaboração
do programa de governo para a eleição de março próximo.
O grupo inclui três detentores de
Prêmio Nobel, um deles figurinha
carimbadíssima: Joseph Stiglitz,
hoje talvez o maior "enfant terrible" do capitalismo. As duas outras
são Helen Caldicott, neozelandesa,
Nobel da Paz de 1985, militante antinuclear, e a queniana Wangari
Maathai, Nobel da Paz de 2004 e
militante ambientalista, além de lecionar anatomia veterinária na
Universidade de Nairóbi.
Há também o que considero o
melhor cientista político latino-americano, o argentino-brasileiro-americano Guillermo O'Donnell,
cujas aulas (grátis) me foram indispensáveis para tentar entender a
transição brasileira e outras transições nos vizinhos.
O esquema funcionará assim: a
equipe do programa de governo elabora suas propostas e as envia aos
especialistas estrangeiros, que fazem comentários e contribuem
com suas próprias sugestões. Volta
tudo para o partido, que dá, então, a
forma final ao pacote.
A ordem do presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero,
candidato à reeleição, é que as propostas sejam "aplicáveis", informa
o jornal "El País".
Se Sérgio Motta fosse espanhol e
ainda estivesse vivo, traduziria por
"nada de masturbação sociológica/econômica/ambiental".
Será interessante ver o resultado
final. Afinal, a direita, em toda parte, sabe o que faz e o que quer. Já a
esquerda (a esquerda democrática,
que fique claro) limita-se a balbuciar slogans e rótulos e/ou a copiar
o que a direita fez. E é sempre bom
-e democrático- ter alternativas.
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: Aquecimento e expectativa
Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: "Recall" ético Índice
|