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ELIANE CANTANHÊDE
"Recall" ético
BRASÍLIA - Um estranho espectro ronda o PT, sem que as pessoas,
e até mesmo os entendidos, estejam
se dando devidamente conta.
Quem fala sobre as eleições no
partido, em 2 de dezembro (primeiro turno), dá de barato que o atual
presidente, Ricardo Berzoini, já está reeleito, com folga. Pode até ser,
mas política e eleições não são cartesianos, não se fazem com números, ou, pelo menos, não se resumem a somas aritméticas.
A virtual vitória de Berzoini corresponde à derrota do deputado José Eduardo Cardozo, mas o mesmo
José Eduardo Cardozo tem arregimentado apoios respeitáveis, em
duplo (e bom) sentido.
Estão com o "perdedor" os ministros Tarso Genro (da Justiça, ex-coordenador político), Fernando
Haddad (Educação, com boa imagem na opinião pública), Paulo Vanucchi (de direitos humanos, área
sensível para a militância petista), e
Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário, idem).
E três dos quatro governadores
petistas: Jaques Wagner (BA), Marcelo Déda (SE) e Ana Júlia Carepa
(PA), ficando de fora apenas Wellington Dias (PI). Sem contar os
prefeitos de capitais João Paulo
(Recife), Luizianne Lins (Fortaleza) e João Cozer (Vitória).
E tem mais: trunfos do PT na academia, como Marilena Chaui, Maria da Conceição Tavares, Maria
Victória Benevides e Paul Singer.
Você acha pouco? Eu não acho.
São nomes e posições bem expressivos. Se não forem capazes de dar a
vitória dos números à candidatura
alternativa, certamente serão de
dar densidade política a ela, com
um recado importante para o governo, a cúpula partidária e, especialmente, a sofrida militância petista, tonta com tantos solavancos
na chegada do partido ao poder.
Há vitórias e vitórias. Umas têm
quantidade, outras, qualidade. A
médio e a longo prazos, os efeitos
podem ser formidáveis. O PT anda
carente de efeitos formidáveis.
elianec2uol.com.br
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