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FOGOS E MORTE ANUNCIADA
Mais uma explosão em fábrica de
fogos de artifício, na semana passada, provocou a morte de pelo menos
54 pessoas, além de ferir várias gravemente. A tragédia ocorreu na periferia de Santo Antônio de Jesus -a
maior produtora de fogos da Bahia.
O episódio reedita outras ocorrências numa crônica absurda e revoltante de mortes provocadas por explosões de fábricas e depósitos ilegais ou sem condições de segurança.
As vítimas da Bahia vêm se juntar
aos 15 mortos da explosão no bairro
de Pirituba, em São Paulo, e aos 25
do acidente de Niterói, até então recorde infausto. A repetição desses fatos lança a suspeita fundada de que a
falta de fiscalização -produto da incúria de autoridades- é o denominador comum das tragédias.
Segundo o delegado que investiga a
explosão na Bahia, a fábrica nunca
foi fiscalizada e operava sem equipamentos de segurança. A falta de diligência das autoridades parece ainda
mais evidente quando se sabe que o
dono da fábrica já respondia a outros
inquéritos relacionados à explosão
de fogos. O clamor por mais fiscalização cresce logo após esse tipo de
tragédia, mas não a ponto de criar
uma cultura de responsabilidade duradoura, como se fosse razoável submeter a vida de pessoas ao risco de
atividades irregulares.
A prevenção desses acidentes seria
mais eficaz se cada autoridade cumprisse seu quinhão de responsabilidade nas fiscalizações, averiguando
as condições do armazenamento de
explosivos nas fábricas e depósitos.
É imprescindível que as investidas
de fiscalização não sejam apenas surtos reativos em momentos de comoção pública. A tragédia da Bahia é
mais um aviso a todos. Basta de confundir fatalidade com negligência.
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