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O micro engole o macro?
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - O Ministério do Desenvolvimento está ficando de bom tamanho: leva um ministério já pronto, o
principal banco de fomento, bancos
regionais, câmaras e secretarias de comércio exterior.
O que todos se perguntam é se o nome do titular vai corresponder a tal
envergadura. Não adianta um superministério com um microministro.
Ninguém que obrigue empresários,
jornalistas e pefelistas a perguntar:
"Quem é esse?". E que obrigue o governo a passar 72 horas explicando: "É o
fulano de tal, ligado a tal setor...".
Também não cabe um burocrata
que nunca saiu do serviço público e
desconhece os macetes de mercado
que fizeram a glória e a ruína do favorito, Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Nem tem cabimento fazer o contrário: nomear alguém do setor privado
que não tenha a mais remota idéia de
como articular os instrumentos de governo e orientar as verbas federais para o estímulo à produção. É justamente esse o propósito da pasta.
Até agora, mais do que explicitar
propósitos, o governo conseguiu criar
simultaneamente uma falsa expectativa e uma real cobrança do PFL por
isonomia.
A expectativa: num passe de mágica,
todos os problemas estariam resolvidos. As empresas voltariam a produzir, os empregos jorrariam, haveria dinheiro para tudo e todos, os desequilíbrios regionais estariam superados. A
política macroeconômica, obviamente, não serviria para mais nada. E todos viveríamos felizes para sempre.
A cobrança: o guloso PFL faz questão de compensar tanto poder e tanta
mágica com ministérios bem mais
concretos e cheios de vagas nos Estados. Manteria Previdência Social e
Minas e Energia, agregaria Ciência e
Tecnologia, ganharia uma superestatal... Faria miséria, enfim.
As conversas e negociações avançam
rapidamente. E, quanto mais rápido,
melhor mesmo para Fernando Henrique Cardoso e para o seu segundo
mandato.
Nesse caso, o tempo é inimigo da
perfeição. Quanto mais passa, mais
aumenta o risco de um novo Mirin.
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