São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

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ANTONIO DELFIM NETTO

Diferença

O discurso de posse da presidente Dilma Rousseff revelou a distância que o Brasil vai tomando das aventuras sociais e econômicas que continuam a frequentar a América Latina. Sereno, firme e abrangente mostrou que vamos continuar a longa construção de uma sociedade democrática e republicana capaz de acomodar o crescimento econômico robusto com razoável e progressivo aumento da igualdade de oportunidades.
O grande avanço é a consolidação de um Estado-Indutor, constitucionalmente limitado, que reconhece as restrições impostas pela escassez física dos recursos humanos e naturais no curto prazo que só podem ser superadas com mais capital humano e físico; que reconhece que a liberdade de iniciativa e a esperança no futuro são os ingredientes fundamentais para libertar o "espírito animal" dos nossos empresários; que reconhece que o entusiasmo e a perspectiva de ascensão social dos trabalhadores são ingredientes fundamentais para absorção, cooptação e cooperação dos que ainda não tiveram a oportunidade de ser incorporados ao processo de desenvolvimento; que reconhece, enfim, o papel importante do Estado-Indutor na arbitragem, para conciliar crescimento econômico com a redução da desigualdade.
É sempre arriscado formular contrafactuais, mas o que teria acontecido se Lula tivesse ganho em 1994 com o desastroso programa do PT? Olhando para Cuba, Venezuela e Bolívia, entretanto, podemos ter uma ideia do que teria produzido aquele insensato programa. A situação de Cuba é paradigmática.
Depois de meio século de tentar construir o "homem novo", a pobreza é visível e não apenas por conta do bloqueio americano. Sem dúvida, melhoraram a saúde e a educação. Entretanto o recente fracasso de brasileiros formados em medicina em Cuba ao tentar validar seus diplomas no Brasil (menos de 1% foram aprovados) exalta o valor da propaganda enganosa.
A "libreta" (a cesta básica que os cubanos recebem desde 1959) está encolhendo.
No Ano-Novo perdeu a pasta de dente, o sabão e o detergente. Para "ajustar" a economia, o Estado dispensará 500 mil trabalhadores!
Na Venezuela as estrepolias de Chávez para construir o "socialismo do século 21" está destruindo a economia de um dos mais ricos países do mundo. Ele acaba de decretar mais uma "reforma cambial", eliminando o sistema de câmbio duplo e desvalorizando 65% a taxa de câmbio que beneficiava os mais pobres.
Na Bolívia, o presidente Evo Morales enfrentou, amarelou e perdeu a batalha para eliminar os subsídios dos combustíveis (80%) por conta de "revolta dos amigos", o Sindicato dos Cocaleiros...

ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nesta coluna.
contatodelfimnetto@terra.com.br



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