São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
TENDÊNCIAS/DEBATES Ser ou não ser, o dilema do PMDB EDINHO ARAÚJO
Orestes Quércia saiu da cena política com uma trajetória vitoriosa. Deixa um eleitorado cativo. Agradou e incomodou muita gente, desafiou o regime militar de 1964. Trabalhador precoce, radialista na juventude, elegeu-se vereador em Campinas aos 25 anos. Em 1966, ajudou a fundar o MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Foi deputado estadual, depois prefeito de Campinas (em 1968), vitória considerada um marco da resistência democrática à ditadura. Chegou ao Senado em novembro de 1974 com 4.630.182 votos. Eram tempos duros. Quércia amassou muito barro entre a resistência e a construção do partido. No Senado, propôs a CPI dos Direitos Humanos; o seguro-desemprego; a convocação de uma nova Constituinte; e teve atuação destacada nas Diretas-Já. Em 1986, foi eleito governador de São Paulo com mais de 5,5 milhões de votos. Atuou fortemente nas áreas de habitação, segurança, transporte, educação e saúde. Terminou o mandato com o maior índice de aprovação de um governador no país: 82%, segundo pesquisa publicada na Folha do dia 17/9/1990. Em janeiro de 2009, recebi Quércia em São José do Rio Preto para minha refiliação ao PMDB (a primeira filiação fora em 1980, em Santa Fé do Sul). Quércia esperava reorganizar e fortalecer o partido. Queria um PMDB protagonista, não mero coadjuvante. Entendi o recado. Notei que o presidente do PMDB paulista trabalhava de olhos postos no futuro. A doença, no entanto, impediu-o de levar a estratégia à prática. Nosso líder partiu sem indicar herdeiros para seu espólio político. Ser ou não ser, eis o dilema do PMDB. As feridas da última eleição presidencial ainda estão abertas em vários Estados. Como único deputado federal eleito pelo PMDB de São Paulo, julgo-me no direito de chamar o partido à reflexão e à conciliação. O PMDB só será grande de fato e protagonista, como esperava Quércia, se não desperdiçar energia com divisões internas. Nacionalmente, temos expressiva bancada de deputados federais e um time respeitável de novos governadores. Em São Paulo, os deputados estaduais eleitos têm compromissos com a governabilidade e com o desenvolvimento. O PMDB irá às urnas, em breve, para renovar sua direção em São Paulo. Estou pronto para auxiliar no que for preciso, em nome da unidade partidária. Peço que respeitemos a história de nosso líder Orestes Quércia e que tenhamos grandeza para compreender esse momento estratégico. São Paulo e o Brasil precisam do PMDB. Não de um grande partido fisiológico, sempre a dizer sim. Mas de um PMDB vigilante, participativo, propositivo. Entendo que é hora de exercer a autocrítica, de buscar o consenso, pensando desde já num projeto de poder. Afinal, é para governar que se fundam partidos políticos. EDINHO ARAÚJO é deputado federal eleito pelo PMDB-SP. Foi prefeito de Santa Fé do Sul (1977/82), deputado estadual de São Paulo, prefeito de São José do Rio Preto (2001/08) e presidente da Codasp (Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo) de 2009 a 2010. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES José Américo e Adilson Amadeu: Enchentes em São Paulo são inaceitáveis Próximo Texto: Painel do Leitor Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |