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São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

O PFL e o Bahiagate

BRASÍLIA - É cedo demais e há informações de menos para vaticinar um desfecho para a crise dos grampos telefônicos ilegais na Bahia. Ainda assim, já é possível identificar consequências dessa crise.
O primeiro e mais evidente efeito dela é a fragilização do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e de seu partido. ACM já está menor do que entrou nesta sua volta ao Congresso. A depender dos acontecimentos, poderá encolher mais.
Mesmo que nada fique provado, ACM nunca terá neste governo Lula o poder que teve na administração de FHC. Até dentro da ala carlista do PFL já é possível ouvir reprovações ao chefe -sempre em sigilo e no conforto do anonimato, é óbvio.
O PFL sai desidratado porque ACM é seu maior líder político. Na Bahia, os pefelistas elegeram 19 dos 39 deputados federais. Nenhum partido, em nenhum Estado, conseguiu tal proeza. O PT, com a onda Lula e tudo a seu favor, teve apenas 18 dos 70 deputados paulistas.
Apesar de todos os seus problemas de imagem e de seus métodos considerados ultrapassados, ACM era a esperança dos pefelistas para terem alguma influência no Congresso.
O presidente nacional da sigla, Jorge Bornhausen (SC), não elegeu seu filho para o Senado. Pior do que isso, viu a aliança que tinha com Esperidião Amin (PPB) ser apeada do poder em Santa Catarina.
Marco Maciel, outra estrela (sic) pefelista, é um caso quase único de vice-presidente da República (oito anos na cadeira!) que só consegue se eleger senador. Alguém algum dia cogitou de Marco Maciel ser candidato a presidente na sucessão de FHC? Não, ninguém.
Partido nascido conservador, o PFL tem alguns quadros novos e poderia vir a ser uma sigla assumidamente de centro-direita. Por enquanto, com o Bahiagate, a agremiação continua apenas no mesmo caminho do seu coirmão, o PPB: rumo ao oblívio.


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