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FERNANDO RODRIGUES
O PFL e o Bahiagate
BRASÍLIA - É cedo demais e há informações de menos para vaticinar um
desfecho para a crise dos grampos telefônicos ilegais na Bahia. Ainda assim, já é possível identificar consequências dessa crise.
O primeiro e mais evidente efeito
dela é a fragilização do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e
de seu partido. ACM já está menor do
que entrou nesta sua volta ao Congresso. A depender dos acontecimentos, poderá encolher mais.
Mesmo que nada fique provado,
ACM nunca terá neste governo Lula
o poder que teve na administração de
FHC. Até dentro da ala carlista do
PFL já é possível ouvir reprovações
ao chefe -sempre em sigilo e no conforto do anonimato, é óbvio.
O PFL sai desidratado porque ACM
é seu maior líder político. Na Bahia,
os pefelistas elegeram 19 dos 39 deputados federais. Nenhum partido, em
nenhum Estado, conseguiu tal proeza. O PT, com a onda Lula e tudo a
seu favor, teve apenas 18 dos 70 deputados paulistas.
Apesar de todos os seus problemas
de imagem e de seus métodos considerados ultrapassados, ACM era a
esperança dos pefelistas para terem
alguma influência no Congresso.
O presidente nacional da sigla, Jorge Bornhausen (SC), não elegeu seu
filho para o Senado. Pior do que isso,
viu a aliança que tinha com Esperidião Amin (PPB) ser apeada do poder em Santa Catarina.
Marco Maciel, outra estrela (sic)
pefelista, é um caso quase único de vice-presidente da República (oito anos
na cadeira!) que só consegue se eleger
senador. Alguém algum dia cogitou
de Marco Maciel ser candidato a presidente na sucessão de FHC? Não,
ninguém.
Partido nascido conservador, o PFL
tem alguns quadros novos e poderia
vir a ser uma sigla assumidamente de
centro-direita. Por enquanto, com o
Bahiagate, a agremiação continua
apenas no mesmo caminho do seu
coirmão, o PPB: rumo ao oblívio.
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