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BECO SEM SAÍDA
A apropriação privada de espaços públicos está entre as
centenárias mazelas do Brasil. Os
exemplos são muitos e ocorrem nos
mais diferentes níveis. Há desde os
loteamentos de altíssimo padrão que
fecham o acesso de pessoas a praias
públicas até as empresas privadas
que freqüentemente empurram para
a sociedade a conta de suas desventuras, numa verdadeira socialização de
prejuízos. Isso para não mencionar
empresas que, em troca da preservação de jardins ou da restauração de
monumentos, os enchem de publicidade ou a própria burocracia oficial,
que, se puder, não hesita em transformar seus interesses corporativos
em políticas de Estado.
A Prefeitura de São Paulo acaba de
dar mais um exemplo concreto de
apropriação privada do bem público
ao sancionar lei que permite a moradores de ruas não muito movimentadas fechá-las para os demais cidadãos. Desnecessário dizer que a medida constitui uma afronta aos princípios republicanos que o PT historicamente tem defendido.
Ruas são espaços públicos abertos
a todos e assim devem permanecer.
Negar esse princípio básico equivale
a negar direitos fundamentais como
a igualdade de todos diante da lei e a
liberdade de ir e vir. A permissão para fechar apenas ruas "de uso estritamente local" mal esconde o absurdo
da proposta, de caráter elitista e discriminatório.
Todos concordarão que a violência
é um problema enfrentado cotidianamente pelos cidadãos. É preciso,
porém, buscar soluções consistentes
e republicanas. Em termos globais,
soa ridícula a idéia de combater o crime tirando os bandidos das ruas "de
uso local" para colocá-los nas vias de
maior tráfego e nas avenidas.
Houve um tempo em que o Partido
dos Trabalhadores teria impedido
que projetos tão antidemocráticos
ganhassem materialidade.
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