São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

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PSDB X DEM

Após Datafolha, fica mais provável candidatura Alckmin; prenuncia-se disputa com Kassab pela mesma fatia de eleitores

A MAIS RECENTE pesquisa Datafolha de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo coloca tucanos e democratas diante de um dilema. A julgar pelos números e pelas circunstâncias políticas, os dois partidos têm fortíssimas razões para lançar candidatos, comprometendo assim a repetição da aliança PSDB-DEM, que vigora em terras paulistanas desde o pleito de 2000.
Pelos tucanos, o virtual postulante é o ex-governador Geraldo Alckmin, que tem a preferência do eleitorado. No cenário que lhe é mais favorável, ele fica com 34% das intenções de voto; no menos, 29%. A pesquisa mostra que, se o PSDB não sair com força total, isto é, com Alckmin, o grande beneficiário será o PT, cuja provável candidata, Marta Suplicy, obteria 32% dos votos, seu melhor desempenho.
Também no plano pessoal Alckmin precisa de um banho de votos. Sem cargo público e sem muito espaço na máquina municipal, ele corre o risco de ver seu capital político minguar caso não dispute logo um novo pleito. E o único à vista é o municipal.
Pelo lado do Democratas a candidatura do atual prefeito, Gilberto Kassab, parece igualmente fatídica. Embora no cenário mais verossímil ele obtenha apenas um distante terceiro lugar -12% contra os 29% de Alckmin e 25% de Marta-, Kassab e o DEM só têm a ganhar se participarem da disputa. Pela primeira vez, o partido tem a oportunidade de concorrer na eleição paulistana em condição melhor que a de mero figurante. Não é algo que uma legenda que pensa em renovação possa desprezar.
No mais, essa eleição representa a maior chance da carreira de Kassab. Teve a sorte de ser o vice de José Serra quando este renunciou ao posto de prefeito de São Paulo para eleger-se governador. No cargo, logrou conduzir sem sobressaltos os negócios da capital até agora e obteve um trunfo com a iniciativa da Lei Cidade Limpa. Além disso, a avaliação de sua administração melhora, e o ritmo de inaugurações da prefeitura só fará aumentar.
Até aqui, Alckmin e Kassab poderiam sair ambos candidatos com juras de apoio mútuo na hipótese de apenas um deles chegar ao segundo turno. O problema é que eles disputam exatamente a mesma fatia do eleitorado. Kassab cresce no cenário que Alckmin não disputa e vice-versa. Isso significa que, se ambos concorrerem, terão de tentar tirar eleitores um do outro para viabilizar suas candidaturas.
Tome-se como agravante o fato de que, entre os 52 secretários municipais e subprefeitos de Kassab, 37 são tucanos herdados da gestão Serra. O PSDB alckmista já fala na necessidade de que essas pessoas deixem seus cargos na eventualidade de uma ruptura; já a ala serrista do partido, que patrocina a candidatura Kassab, desconversa.
Estão em jogo posições importantes na política de apoios e alianças para a disputa presidencial de 2010. Espera-se que, em meio a este xadrez, não se percam as ocasiões para discutir os problemas da cidade.


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