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MELCHIADES FILHO
Marta, my dear
BRASÍLIA - Ela será cobrada pelo
relaxa-e-goza, não terá desta vez o
respaldo da máquina municipal e
pegará, ao que tudo indica, dois rivais fortes, em vez de um. Mas, na
comparação com 2004, nem tudo
joga contra Marta Suplicy.
Primeiro: o PT está mais coeso.
Quando Marta tentou sem sucesso
a reeleição, os caciques se acotovelavam por cargos no governo Lula e,
sobretudo, para se cacifar à sucessão. José Dirceu, então superministro, por exemplo, ajudou a implodir
a aliança com o PMDB em São Paulo, que daria mais tempo de TV. Tudo para enfraquecer a potencial
concorrente em 2010.
Dirceu, Palocci, Mercadante &
Cia. não têm mais essa perspectiva,
como se sabe. Hoje lutam para recuperar credibilidade e influência.
Os petistas paulistas precisam de
uma vitória do PT em São Paulo.
Segundo: vitaminado, Lula pode
contribuir mais agora. A rejeição a
um candidato dele na cidade (24%)
não é diferente da de Belo Horizonte (22%), Rio (23%), Porto Alegre
(22%) e Curitiba (24%). O presidente fala muito da prefeitura carioca, mas a prioridade, claro, é vencer o adversário José Serra na casa
dele. E tome PAC na periferia.
Terceiro: a chapa martista pode
acabar reeditando a coalizão federal. O PMDB de Quércia está próximo. E, embora Paulinho afirme que
será candidato, há no PDT quem diga que, se Carlos Lupi for deixado
em paz no Ministério do Trabalho,
o partido também irá de Marta.
Quarto: o discurso de oposição
serve melhor a Marta. O morno fiz-muito-mas-posso-fazer-mais de
quatro anos atrás soou estranho à
personalidade e à trajetória dela.
Por fim, os oponentes partem da
mesma base política, têm a mesma
plataforma e competem pelo mesmo eleitorado. As fissuras entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto
Kassab (DEM) só tendem a aumentar, assim como as chances de que o
menos afortunado deles venha a
ajudar veladamente a ex-prefeita
num provável segundo turno.
mfilho@folhasp.com.br
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