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ELIANE CANTANHÊDE
O pipoco do Senado
BRASÍLIA - A esta altura José Sarney deve estar bem arrependido de
ter voltado a presidir o Senado.
Desde sua posse, os escândalos estouram mais do que pipoca em micro-ondas e nem ele e a também senadora Roseana escapam. É a pendenga PT-PMDB. Ainda bem!
Depois do castelo horroroso que
assombrou a Câmara (e o país), o
foco se desviou para o Senado. Casarão não declarado do diretor-geral, horas "extras" sem horas "ordinárias" em pleno janeiro, mês de recesso, o "nepotismo terceirizado"
para empregar a parentada sem
concurso, apartamento funcional
de graça para filhos de diretores.
E mais: seguranças do Senado
protegendo propriedades de Sarney no Maranhão, o que já seria esquisito, mas fica pior porque o domicílio eleitoral dele é outro: o
Amapá. E passagens da cota parlamentar desviadas para amigos de
Roseana passarem fins de semana
em Brasília. O que, aliás, parece ser
prática corriqueira na Casa.
A lista continua, e a última a pipocar foi do ex-adversário de Sarney
na disputa pela presidência, o senador Tião Viana, que emprestou o
celular do Senado para a filha usar
em viagem ao México. Uma economia e tanto para a família. E quem
paga a conta é... você.
É pipoca demais para pouco filme, e Sarney anunciou uma pausa
para os comerciais: mandou afastar
todos os 181 diretores do Senado,
para uma espécie de reforma administrativa interna. Epa, peraí! 181
diretores?! Para 81 senadores?!
Antes de qualquer reforma, o Senado precisa responder ao contribuinte pelo menos três perguntinhas básicas: 1) o que cada um dos
181 faz e qual a importância do seu
cargo? 2) quantos são concursados
e estão tecnicamente habilitados
para a função? 3) o "QI" -quem indicou- um por um.
O Senado está mais ou menos como a Faixa de Gaza sob bombardeio, uns sofrendo na pele, outros
sofrendo na alma. Mas a guerra mal
começou. E a Câmara que se cuide!
elianec@uol.com.br
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