São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2004

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MISÉRIA PAULISTANA

A proporção de miseráveis aumentou 51% no município de São Paulo durante a década de 90. O dado consta do estudo intitulado "Mapa do Fim da Fome 2", que foi produzido pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas em parceria com a organização não-governamental Ação pela Cidadania e o Sesc-RJ. Segundo o levantamento, em 1991, 8% dos paulistanos enquadravam-se na categoria miserável, contra 12,1% em 2000.
Os responsáveis pelo trabalho classificam como miseráveis pessoas com renda mensal inferior a R$ 79 -valor necessário, de acordo com preços de São Paulo, para garantir alimentação mínima recomendada pela Organização Mundial da Saúde.
Os dados apenas confirmam o quanto o maior centro urbano e industrial do país tem sofrido com o alongado quadro de baixo crescimento da economia brasileira. Segundo o economista Marcelo Neri, coordenador do projeto, a explosão de miséria pode ser explicada pelo aumento na taxa de desemprego. Segundo dados da Fundação Seade, o desemprego na região metropolitana da capital está em torno de 20%, algo como 2 milhões de pessoas. É um quadro extremamente preocupante, que tem contribuído, segundo outros levantamentos, para o aumento da criminalidade.
A cada estudo que se faz, a cada levantamento, a cada tentativa de traçar o perfil mais recente da sociedade brasileira acumulam-se as evidências de que o baixo dinamismo econômico está na raiz de uma série de problemas. A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva ocorreu num contexto de esperança de transformação dessa realidade. Já se vão, porém, 16 meses da nova gestão sem que se vejam sinais mais firmes de que o quadro irá mudar significativamente.


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