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PÉS PELAS MÃOS
Há dez anos, o que deveria ser
uma ação para liberar uma rodovia obstruída pelos trabalhadores
sem-terra em Eldorado do Carajás,
no Pará, transformou-se num episódio de brutalidade policial que resultou em 19 mortos. Ao ato cruel sobrepôs-se a impunidade. Dos 155
PMs envolvidos na ação, dois foram
condenados pela Justiça: o coronel
Mário Colares Pantoja e o major José
Maria de Oliveira. Ambos estão em
liberdade, à espera de que se esgotem as opções de recursos.
Mas isso não vale como álibi para
as ações criminosas que o MST insiste em perpetrar pelo país. Em lembrança aos dez anos do massacre, os
líderes do movimento organizaram
anteontem saques, invasões e bloqueios em 13 Estados. No Pontal do
Paranapanema, dez fazendas foram
invadidas. Em Pernambuco, dois caminhões foram pilhados e sete rodovias, bloqueadas.
Poucas estratégias poderiam ser
mais eficientes para deslegitimar o
protesto. Em vez de instar a Justiça a
agir com presteza, o ato chama a
atenção para a capacidade de um
grupo que nem sequer existe juridicamente de articular e organizar manifestações pelo país, transformando ilícitos em ação programática.
A margem de manobra do MST para "protestar" e delinqüir cresce na
mesma medida da incúria e da leniência do governo Lula. Não surpreende, nesse cenário, que associações ligadas ao MST sejam financiadas pelos cofres públicos: em 2003,
receberam cerca de R$ 10 milhões.
É inaceitável o apoio governamental a organizações estruturadas para
desestabilizar o Estado de Direito.
Suspender os repasses é uma atitude
imediata a se tomar. Outra, reintroduzir o dispositivo que pune as invasões, interrompendo por dois anos
as ações de desapropriação.
Um abuso não justifica o outro.
Não é com violações que se poderá
reparar a chacina cometida por policiais paraenses.
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