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ATAQUE EM TEL AVIV
O atentado suicida de segunda-feira em Tel Aviv (Israel),
que custou a vida a nove civis e feriu
mais de 60 pessoas, mostra quão instável é a situação na região.
O ataque, aparentemente conduzido pelo grupo terrorista Jihad Islâmico, vai de encontro aos interesses do
Hamas, a organização terrorista que
venceu as eleições de janeiro e assumiu há pouco o governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP).
O Hamas faz um grande esforço
para tentar conseguir fundos, depois
que parte significativa da ajuda externa enviada por países ocidentais aos
palestinos foi suspensa ante a recusa
do grupo em reconhecer o direito de
Israel à existência. O atentado e as
declarações de altos dirigentes do
Hamas justificando-o não ajudam o
grupo em seu pleito por recursos.
Não há dúvida de que a ANP corre
risco de sofrer estrangulamento econômico. Até mesmo a ajuda prometida por países árabes e islâmicos
tende a jamais materializar-se. Na retórica, todas as nações islâmicas
apóiam a causa palestina. No mundo
real, governos árabes temem mais o
Hamas e o integrismo islâmico que
representa do que o Estado judeu. O
maior inimigo do ditador egípcio
Hosni Mubarak, por exemplo, não é
Israel, mas a Irmandade Muçulmana, organização radical autóctone
que mantém vínculos com o Hamas.
Também o relógio está contra o
grupo terrorista palestino. Com dificuldades para honrar até os salários
do funcionalismo, é uma questão de
tempo até que o Hamas comece a sofrer desgaste na opinião pública.
Tentará atribuir suas dificuldades ao
"inimigo sionista" e aos EUA, mas
esse discurso tem eficácia limitada.
A melhor saída para o Hamas romper o isolamento a que está se relegando seria reconhecer o direito à
existência de Israel e envolver-se em
algum tipo de negociação de paz
com o Estado judeu. De forma obstinada, porém, seus dirigentes se recusam a dar esse passo histórico.
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