São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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ATAQUE EM TEL AVIV

O atentado suicida de segunda-feira em Tel Aviv (Israel), que custou a vida a nove civis e feriu mais de 60 pessoas, mostra quão instável é a situação na região.
O ataque, aparentemente conduzido pelo grupo terrorista Jihad Islâmico, vai de encontro aos interesses do Hamas, a organização terrorista que venceu as eleições de janeiro e assumiu há pouco o governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP).
O Hamas faz um grande esforço para tentar conseguir fundos, depois que parte significativa da ajuda externa enviada por países ocidentais aos palestinos foi suspensa ante a recusa do grupo em reconhecer o direito de Israel à existência. O atentado e as declarações de altos dirigentes do Hamas justificando-o não ajudam o grupo em seu pleito por recursos.
Não há dúvida de que a ANP corre risco de sofrer estrangulamento econômico. Até mesmo a ajuda prometida por países árabes e islâmicos tende a jamais materializar-se. Na retórica, todas as nações islâmicas apóiam a causa palestina. No mundo real, governos árabes temem mais o Hamas e o integrismo islâmico que representa do que o Estado judeu. O maior inimigo do ditador egípcio Hosni Mubarak, por exemplo, não é Israel, mas a Irmandade Muçulmana, organização radical autóctone que mantém vínculos com o Hamas.
Também o relógio está contra o grupo terrorista palestino. Com dificuldades para honrar até os salários do funcionalismo, é uma questão de tempo até que o Hamas comece a sofrer desgaste na opinião pública. Tentará atribuir suas dificuldades ao "inimigo sionista" e aos EUA, mas esse discurso tem eficácia limitada.
A melhor saída para o Hamas romper o isolamento a que está se relegando seria reconhecer o direito à existência de Israel e envolver-se em algum tipo de negociação de paz com o Estado judeu. De forma obstinada, porém, seus dirigentes se recusam a dar esse passo histórico.


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