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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

O PT e os bancos

BRASÍLIA - O debate sobre o aumento dos impostos está obnubilado pela disputa política. Petistas dizem fazer justiça tributária. O PFL é contra e fica com a pecha de defender os tubarões e os bancos. O PSDB parece uma sublegenda pefelista, criticando de maneira tímida a derrama fiscal. As demais siglas não têm a menor importância nesse contexto.
O fato relevante a registrar é que o PT promoverá uma alta de impostos se a medida provisória 107 for aprovada no Senado da mesma forma que saiu da Câmara. Fato quase certo nos próximos dias.
Essa MP 107 ficou conhecida como "MP ônibus". Ressuscitou o Refis, acena com o perdão de dívidas com o INSS e aumenta impostos.
No início, o PT falava em tirar um naco extra anual de até R$ 4 bilhões dos bancos com uma cobrança adicional de impostos. Era o velho PT de guerra contra o sistema financeiro. Na realidade, como morreu no nascedouro, deve ter sido apenas uma idéia de técnicos mal informados sobre a nova diretriz da sigla.
Esses técnicos queriam acabar com uma iniquidade. Hoje, parte da atividade bancária desfruta do capitalismo sem risco. Por exemplo, os bancos podem abater prejuízos registrados com operações de títulos de renda fixa e variável da base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep. A MP 107 eliminaria essa moleza.
Os bancos argumentaram que o mercado ficaria desestabilizado (sic). Sensível, o PT mudou de idéia.
A saída foi aumentar de 3% para 4% a alíquota da Cofins cobrada dos bancos. Assim, banqueiros não colocarão a mão no bolso. Esse ponto percentual a mais será repassado automaticamente para os clientes.
Na última eleição, já mostrou o jornal "Valor", os bancos apareceram pela primeira vez nas prestações de contas oficiais entre os maiores doadores dos deputados federais petistas eleitos por São Paulo.
O pragmatismo do PT anda numa velocidade difícil de acompanhar.



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