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A FORÇA DO LOBBY
O álcool, como o tabaco, a cocaína e a maconha, é uma droga psicoativa, que provoca dependência -e como tal deve ser tratado.
Só o intenso lobby dos produtores
explica o fato de que a propaganda
de bebidas não tenha ainda sido banida, a exemplo do que já ocorreu
com o cigarro. Não se trata, é claro,
de advogar uma extemporânea e autoritária proibição do álcool, medida
que já foi adotada em outras plagas e
se revelou contraproducente. Reconhecer, porém, que bebidas devem
ter o seu lugar na sociedade não significa sancionar sua publicidade.
Esse imperativo do bom senso reveste-se de urgência quando se considera que a propaganda de algumas
bebidas alcoólicas é voltada especificamente para o público jovem, grupo que tende a adotar comportamentos de risco sem necessidade de receber estímulos para isso.
Lamentavelmente, sucessivos governos brasileiros têm cedido ao
lobby dos produtores e deixado de
tomar as medidas necessárias contra
a publicidade de álcool. Incorrem no
velho erro de fazer as contas pela metade. Ficam com os empregos e as receitas de impostos hoje gerados e fecham os olhos para os prejuízos de
amanhã, que recairão sobre outras
administrações. O problema com esse tipo de conta é que quem sai perdendo é a sociedade como um todo.
Diante desse quadro desalentador,
não deixa de ser positiva a proposta
do grupo interministerial criado pelo
governo de só permitir a publicidade
de álcool na TV após as 23h. É um tímido avanço, mas, ainda assim, um
primeiro passo. Atualmente, apenas
a propaganda de bebidas fortes (acima de 13 º Gay-Lussac) sofre restrição legal de horário. Cervejas, vinhos
e bebidas do tipo "ice" podem veicular seus reclames em horário nobre
ou até infantil.
É claro que o projeto da comissão é
preferível à situação atual, mas fica
bastante aquém da proscrição de toda e qualquer publicidade de bebidas
alcoólicas, o que seria o correto em
termos de saúde pública.
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