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Acomodação criteriosa
AS EXPECTATIVAS de inflação
no Brasil continuam em
elevação. As projeções de
bancos e consultorias para o aumento do IPCA em 2008 já atingiram o patamar de 5%. Há seis
semanas a média das estimativas
limitava-se a 4,5%, que constitui
o centro da meta perseguida pelo
Banco Central.
É significativo que o movimento de alta das expectativas tenha
continuado mesmo após o BC ter
dado início, em abril, a um ciclo
de elevação na taxa de juros. Esse
comportamento das expectativas de inflação ocorre porque se
materializou, nas últimas semanas, mais uma rodada de significativos aumentos de custos. Já
não se trata do chamado choque
dos alimentos, que foi particularmente agudo na virada do ano.
Embora o preço de alguns alimentos continue a incomodar,
os protagonistas das pressões de
custo agora são o petróleo e o
aço. São protagonistas ainda
mais incômodos. A comida mais
cara prejudica o bem-estar, mas
seu poder de propagação pelo
sistema de preços é limitado.
Bem distinto é o caso do petróleo
e do aço: são itens que entram diretamente na composição de
custos de muitos produtos.
Se o choque de custos é maior e
mais incômodo, pelo lado do balanço entre oferta e demanda
não têm surgido sinais alarmantes para o controle da inflação. O
risco de que se configurasse uma
situação de escassez de oferta já
era limitado antes do início do
aumento de juros -e desde então parece ter diminuído.
Dada a intensidade do choque
de custos, tornou-se bem mais
difícil limitar a inflação deste
ano ao centro da meta (4,5%).
Seria aceitável, nessas circunstâncias, conviver com uma taxa
um pouco mais alta -até porque
uma atitude de recusa a qualquer
acomodação poderia redundar
em sacrifício de investimentos,
necessários para sustentar uma
trajetória de crescimento sem
descontrole inflacionário.
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