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Áreas irregulares
HÁ PELO MENOS 6,2 milhões
de pessoas vivendo em
aglomerações irregulares
em São Paulo, segundo levantamento do governo estadual. O
número equivale a 15% dos habitantes do Estado, indica a pesquisa da Secretaria da Habitação.
Loteamentos ilegais avançam
por áreas de preservação, invadem terrenos públicos e particulares, postam-se à beira de rios e
rodovias. Por vezes, colocam em
risco a vida dos habitantes ou
ameaçam o bem-estar de outros
milhares de pessoas -como nos
casos de ocupações nas áreas de
mananciais. Sua população fica
alijada de serviços essenciais, como saneamento básico e iluminação, e fragilizada diante de intempéries e acidentes.
Em Guarulhos, na Grande São
Paulo, o problema afeta mais da
metade da população. Uma das
soluções sugeridas pela prefeitura é que as famílias se inscrevam
no programa federal de habitação Minha Casa, Minha Vida.
Anedótica, a sugestão sublinha
uma ideia que historicamente
perpassa governos brasileiros: a
de que a mera construção de casas resolve a complexa questão
da regularidade da habitação.
Sem que as cidades implantem
planos urbanísticos consequentes, os bilhões de reais deste ou
de outros programas de novas
moradias não evitarão que mais
e mais famílias se aglomerem de
maneira irregular e inassistida
nas áreas mais à mão.
Um ponto positivo do programa federal é que prevê a regularização da posse de famílias de baixa renda, assim como prega o
programa estadual Cidade Legal,
que motivou o estudo paulista.
Mas não basta, tampouco, dar
título de posse. É preciso proceder à urbanização dessas áreas e,
ao mesmo tempo, ter como prioridade evitar novas ocupações.
Esta é uma tarefa intransferível
das gestões municipais, sobre as
quais recai a responsabilidade de
avaliar quem pode ter o lote regularizado e quem deve deixá-lo.
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