|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
13 anos depois, ainda primitivos
SÃO PAULO - Reproduzo a seguir
os trechos essenciais de texto publicado neste mesmo espaço no dia 9
de outubro de 1996, quando se discutia a reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
"Decidi (...) iniciar campanha para coletar assinaturas em emenda
popular, cujo texto seria mais ou
menos assim:
Artigo 1º - Todo presidente da
República tem o direito inalienável
de concorrer quantas vezes quiser à
reeleição.
Artigo 2º - O anterior se aplica
apenas quando o presidente da República se chamar Fernando Henrique Cardoso.
Artigo 3º - Se o presidente se chamar Fernando Henrique Cardoso,
mas não quiser, em algum momento, concorrer à reeleição, serão convocados o papa e a Organização das
Nações Unidas para tentar demovê-lo de ideia tão contrária aos mais
legítimos anseios da pátria.
Artigo 4º - Se mesmo assim o presidente Fernando Henrique Cardoso insistir em não concorrer, o direito à reeleição se transfere a seus
descendentes diretos, nos termos
do artigo 1º.
Revogam-se as disposições em
contrário".
Bom, agora você troca Fernando
Henrique Cardoso por Luiz Inácio
Lula da Silva e o texto fica absurdamente atual, apesar de ter sido publicado faz 13 anos e depois de quatro períodos presidenciais.
A atualidade do texto só demonstra que o Brasil continua politicamente primitivo. Uma parte relevante do mundo político só se empenha no culto à personalidade do
ocupante da Presidência, seja qual
for, e/ou em ocupar o poder e mantê-lo uma vez ocupado, sem apresentar, jamais, um projeto de país,
mesmo que fosse ruim.
Torço, sem grandes esperanças,
para que Lula diga publica e fortemente que não será candidato, ainda que passe a re-reeleição. Pelo
menos ele seria menos primitivo
que seus bajuladores.
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: Áreas irregulares
Próximo Texto: Brasília - Melchiades Filho: O drible do elástico Índice
|