São Paulo, terça-feira, 19 de maio de 2009

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MELCHIADES FILHO

O drible do elástico

BRASÍLIA - O potencial de estrago de uma CPI da Petrobras não depende fundamentalmente dos esforços da oposição nem das suspeitas que pairam sobre a empresa, mas, sim, da decisão do Planalto de continuar ou não a testar a paciência do PMDB, motivo de luta fratricida na base governista no Senado.
Depois de ter acomodado todas as lideranças peemedebistas na máquina federal, Lula sentiu-se à vontade para dispor do aliado como há tempos dispõe de seu próprio partido: sem pedir licença.
Veio de Lula o sinal verde para a candidatura dos petistas Tião Viana à presidência do Senado e Ideli Salvatti à Comissão de Infraestrutura.
O Planalto julgava que Renan Calheiros estava morto -ou que não reagiria, agradecido pela operação que lhe salvou o mandato.
Lula não fez restrição, muito pelo contrário, quando o funcionalismo ligado ao PT respondeu à demonstração de força de Renan (o triunfo de José Sarney e Fernando Collor nas votações acima citadas) com denúncias de mau uso das verbas de apoio ao trabalho parlamentar.
O rapa de comissionados na Infraero, que vitimou parentes e amigos de senadores do PMDB, recebeu o endosso prévio do Planalto.
Assim como têm a bênção de Lula as manobras em curso nos Estados para ampliar a presença petista no Senado na próxima legislatura (a linha de frente de defesa de Dilma ou de combate a Serra). Mesmo que à custa de peemedebistas: Fernando Pimentel ou Patrus Ananias para a vaga de Minas hoje com Wellington Salgado; Benedita da Silva ou Lindberg Farias para a cadeira do Rio hoje com Paulo Duque etc.
O presidente sabe que, caso não eleja o sucessor, restará o PT para fazer a defesa irrestrita de seus oito anos de governo -e atazanar a vida do vitorioso. Por isso, aliás, não descarta escalar seu assessor mais próximo para o comando da legenda.
Por isso, em resumo, põe à prova a elasticidade do PMDB. A CPI dirá se o elástico estourou.

melchiades.filho@grupofolha.com.br


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