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MELCHIADES FILHO
O drible do elástico
BRASÍLIA - O potencial de estrago de uma CPI da Petrobras não depende fundamentalmente dos esforços da oposição nem das suspeitas que pairam sobre a empresa,
mas, sim, da decisão do Planalto de
continuar ou não a testar a paciência do PMDB, motivo de luta fratricida na base governista no Senado.
Depois de ter acomodado todas
as lideranças peemedebistas na
máquina federal, Lula sentiu-se à
vontade para dispor do aliado como
há tempos dispõe de seu próprio
partido: sem pedir licença.
Veio de Lula o sinal verde para a
candidatura dos petistas Tião Viana
à presidência do Senado e Ideli Salvatti à Comissão de Infraestrutura.
O Planalto julgava que Renan Calheiros estava morto -ou que não
reagiria, agradecido pela operação
que lhe salvou o mandato.
Lula não fez restrição, muito pelo
contrário, quando o funcionalismo
ligado ao PT respondeu à demonstração de força de Renan (o triunfo
de José Sarney e Fernando Collor
nas votações acima citadas) com
denúncias de mau uso das verbas de
apoio ao trabalho parlamentar.
O rapa de comissionados na Infraero, que vitimou parentes e amigos de senadores do PMDB, recebeu o endosso prévio do Planalto.
Assim como têm a bênção de Lula
as manobras em curso nos Estados
para ampliar a presença petista no
Senado na próxima legislatura (a linha de frente de defesa de Dilma ou
de combate a Serra). Mesmo que à
custa de peemedebistas: Fernando
Pimentel ou Patrus Ananias para a
vaga de Minas hoje com Wellington
Salgado; Benedita da Silva ou Lindberg Farias para a cadeira do Rio
hoje com Paulo Duque etc.
O presidente sabe que, caso não
eleja o sucessor, restará o PT para
fazer a defesa irrestrita de seus oito
anos de governo -e atazanar a vida
do vitorioso. Por isso, aliás, não descarta escalar seu assessor mais próximo para o comando da legenda.
Por isso, em resumo, põe à prova a
elasticidade do PMDB. A CPI dirá
se o elástico estourou.
melchiades.filho@grupofolha.com.br
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