São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 2011

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KENNETH MAXWELL

Strauss-Kahn

Na segunda, o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, teve negado pedido de fiança, por decisão da juíza Melissa Jackson, do tribunal criminal de Manhattan, e foi encaminhado ao presídio de Rikers Island, onde ficará detido até sua próxima audiência judicial, na sexta.
Ele está sendo acusado de agressão sexual, tentativa de estupro, abuso sexual e detenção ilegal de uma camareira -uma imigrante africana de 32 anos- em sua luxuosa suíte (diária de US$ 3.000) do Sofitel Hotel, perto de Times Square, em Nova York. O socialista Strauss-Kahn é (ou era) o principal candidato de oposição a Nicolas Sarkozy na eleição presidencial francesa de 2012.
No mesmo dia em que o pedido de fiança de Strauss-Kahn foi negado, Donald Trump, empresário, proprietário de cassinos e hotéis e organizador do concurso Miss Universo, anunciou que não disputaria a Casa Branca. Em lugar disso, está por assinar novo contrato, entre US$ 30 milhões e US$ 50 milhões, com a NBC, para uma nova edição de sua bem-sucedida série de TV com celebridades.
Fora da mídia, pouca gente levava a sério as pretensões presidenciais de Trump. Mas o empresário poderia alegar que forçou o presidente Barack Obama a divulgar a versão completa de sua certidão de nascimento, a fim de provar que nasceu de fato no Havaí e não era, ao contrário do que Trump dava a entender, um estrangeiro não documentado e, portanto, inapto a deter a Presidência norte-americana.
Os franceses tendem a interpretar como conspiração a espetacular queda em desgraça de Strauss-Kahn, atribuindo o incidente ao puritanismo sexual dos norte-americanos, e estão chocados com o tratamento que ele vem recebendo. Mas ninguém se surpreendeu muito com o motivo do incidente. Strauss-Kahn era bem conhecido na França como "un grand séducteur".
Seus colegas em Washington recordaram o episódio envolvendo Piroska Nagy, húngara que trabalhava para o FMI e teve um caso com Strauss-Kahn em Davos.
A escritora francesa Tristane Barron está considerando um processo contra o chefe do FMI. Ela alega que teve de lutar para escapar às atenções não solicitadas de Strauss-Kahn e que o comportamento dele com relação a ela foi o de um "chimpanzé no cio".
Strauss-Kahn disse ao jornal parisiense "Libération", algum tempo atrás, que esperava ataques contra ele devido ao "meu dinheiro, minhas mulheres e meu judaísmo".
Pouco poderia antecipar que sua queda fosse decorrente de seu (suposto) comportamento em Nova York, cidade onde nenhuma dessas características é grande impedimento, como Donald Trump bem sabe, mas (uma tentativa de) estupro certamente é.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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