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A EUROPA AVANÇA
Numa decisão histórica, a
União Européia (UE) aprovou
ontem sua primeira Constituição. Os
debates foram calorosos e chegou a
haver troca pública de reprimendas
entre os representantes da França e
do Reino Unido. Várias arestas ficaram por aparar, incluindo a escolha
do novo chefe da Comissão Européia, o principal executivo do bloco,
que acabou adiada.
Entre os pontos mais polêmicos,
destacava-se o novo sistema de votação. Até aqui, muitas das decisões
precisavam ser tomadas por consenso. Se as dificuldades já eram notáveis quando o bloco reunia 15 membros, o mecanismo tornou-se virtualmente inviável com a entrada de
dez nações em maio passado. Ficou
acertado que a maioria das decisões
será aprovada por pelo menos 55%
dos países que constituam 65% da
população do bloco. Essa foi a fórmula encontrada para dar mais poder às nações maiores sem, contudo,
aniquilar a voz dos pequenos.
Outro elemento de cizânia eram os
direitos sociais e referências religiosas. O Reino Unido temia perder soberania. Para concordar com a Constituição, Londres exigiu que os países
conservassem poder de veto nacional
a respeito de determinados temas,
entre eles os direitos sociais. Consagrando o caráter laico da UE, decidiu-se retirar a menção às origens
cristãs da Europa no preâmbulo
constitucional, defendida por países
como a Polônia e a Itália.
Para que a nova Carta entre em vigor, os integrantes do bloco têm dois
anos para ratificá-la. Esse não deverá
ser um processo tranqüilo, especialmente nos Estados em que a Constituição irá a referendo popular.
Os obstáculos enfatizam o caráter
histórico da empreitada. Apenas 60
anos atrás, países que compõem a
UE lutavam de lados opostos da trincheira no mais sangrento conflito da
história. Hoje, estão lado a lado no
mais ambicioso projeto de união supranacional, que reúne uma população de 450 milhões de pessoas e um
PIB da ordem de US$ 11 trilhões.
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